“Inúmeras crianças” correm o risco de morrer em consequência da violenta crise que assola o Haiti, alertou nesta terça-feira (26) o diretor da Unicef, que mostrou especial preocupação pelas 125 mil crianças em risco de desnutrição aguda.

“A violência e a instabilidade no Haiti têm consequências que vão muito além do risco de violência como tal. A situação está criando uma crise sanitária e alimentar que poderia custar a vida de inúmeras crianças”, explicou Catherine Russell, responsável do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em comunicado.

“Milhares de crianças estão à beira do abismo, enquanto a ajuda vital está pronta para ser distribuída se a violência parar e as estradas e os hospitais reabrirem”, acrescentou.

Segundo um relatório internacional recente, cerca de cinco milhões de pessoas – quase metade da população do empobrecido país caribenho – estão em situação de grave insegurança alimentar, das quais 1,64 milhão estão no nível 4 (emergência) de uma escala de 5.

A violência das gangues nos departamentos de Artibonite e Oeste, que inclui a capital Porto Príncipe, restringiu a distribuição de ajuda e afetou o já fragilizado sistema de saúde, “criando uma ameaça iminente às vidas de mais de 125 mil crianças em risco de desnutrição aguda”, segundo a Unicef.

Neste contexto, a agência da ONU faz um apelo à comunidade internacional para que acelere a restauração da ordem naquela nação e aumente o apoio financeiro.

O plano de resposta humanitária das Nações Unidas para o país caribenho em 2024, estimado em 674 milhões de dólares (3,3 bilhões de reais), conseguiu um financiamento de menos de 7% do pacote total.

O Haiti, que já enfrentava uma profunda crise política e de segurança, vive dias de caos desde que vários grupos criminosos se uniram para atacar locais estratégicos em Porto Príncipe em uma disputa com o primeiro-ministro Ariel Henry.

O líder, altamente questionado no país depois de ter tomado posse em 2021 sem enfrentar eleições após o assassinato do presidente Jovenel Moise, concordou em renunciar em 11 de março e ceder o poder a um conselho de transição, cuja formação foi adiada por inúmeras divergências políticas.

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