O poder destruidor de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, fez mais duas vítimas. Dessa vez não foram os contaminados pelo novo coronavírus (700 mil mortes), a democracia brasileira, a paz familiar e social, as crianças yanomamis, a floresta amazônica ou mesmo eleitores petistas (dois foram assassinados por bolsonaristas).

Intoxicadas por excesso de gordura, duas emas da Presidência da República (daquelas que fugiram do amigão do Queiroz com medo do tratamento precoce) morreram este mês após serem alimentadas com restos de comida humana durante o desgoverno Bolsonaro, além da falta de acompanhamento veterinário e instalações adequadas.

As emas mortas viviam na Granja do Torto, residência ocupada por Paulo Guedes, o Posto Ipiranga, que dentre inúmeros cortes no orçamento reduziu drasticamente a compra de ração (20 mil grãos anuais para apenas 7 mil), obrigando os cuidadores a misturar sobras de alimento, que tornou as vísceras das aves bombas de gordura.

A morte súbita dos bichos retrata fielmente, de forma indubitável, o que foi a gestão do patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, compradas com panetones de chocolate e dinheiro vivo: pouco caso, incompetência, avareza, falta de critério, desprezo pela ciência e medicina, improviso, doença e… morte. Muitas mortes!

Terminamos o ano de 2022 com universidades sucateadas, hospitais colapsados, polícias com viaturas paradas, órgãos sem dinheiro para pagar contas de luz e água, escolas sem merenda e até a interrupção do fornecimento de passaportes. Tudo pelo descontrole orçamentário e cortes sem critério para “fechar as contas” do ano.

Milhares de brasileiros, dentre os 700 mil, morreram pela precariedade na prevenção, combate e tratamento da covid-19. Tratamento precoce, desrespeito às medidas sanitárias, pregação contra o uso de máscaras, aglomerações intencionais (motociatas), boicote às vacinas, propaganda de medicamentos ineficazes, falta de oxigênio…

Tudo o que podia ter feito em favor do contágio, o devoto da cloroquina fez – e mais um pouco! Pior ainda: após o belo trabalho realizado em consórcio com o maldito corona, Bolsonaro, com requintes de crueldade, debochou dos milhões de enlutados Brasil afora. Não sem antes tentar entupir as emas com seus remédios inúteis.

Seria irônico se não fosse trágico (este episódio). As aves sobreviveram ao assédio do charlatão durante a pandemia e escaparam da pajelança cloroquina + ivermectina + reza braba, mas não resistiram à má alimentação, forçada pelo superávit fiscal de Guedes. Se a vida imita a arte, e vice-versa, as emas imitaram os brasileiros e padeceram. Bolsonaro dirá: “e daí? Não sou coveiro. Todas as emas morrerão um dia”.