Nesta sexta-feira, 7, a PCMG (Polícia Civil de Minas Gerais) concluiu que a morte do casal hospedado em uma pousada no distrito de Monte Verde, município de Camanducaia (MG), ocorreu por intoxicação de monóxido de carbono devido ao uso inadequado da lareira em ambiente fechado.

O fato ocorreu no dia 24 de junho com Walter Reis Cleto Júnior, de 51 anos, e Alessandra Aparecida Campos Reis Cleto, 49, encontrados mortos. Os dois chegaram ao chalé Aroma de Jasmim para passar o fim de semana.

Casal encontrado morto em pousada
Casal encontrado morto em pousada – Crédito: Reprodução (Crédito:Reprodução)

Mais casos

Nos últimos anos ocorreram casos semelhantes a esse no Brasil. Em junho de 2021, um casal do Rio de Janeiro teve repercussão nacional por morrer asfixiado por monóxido de carbono.

RJ: Casal morto no Leblon vivia auge e estava se conhecendo, contam amigos
RJ: Casal morto no Leblon vivia auge e estava se conhecendo, contam amigos (Crédito:Reprodução/ redes sociais)

Mateus Correia Viana e Nathalia Guzzardi Marques, ambos de 30 anos, foram encontrados mortos no dia 23. A causa das mortes foi intoxicação por um vazamento de gás no banheiro.

RJ: Prédio em que casal morreu no Leblon já registrou caso de óbito por intoxicação com gás
RJ: Prédio em que casal morreu no Leblon já registrou caso de óbito por intoxicação com gás (Crédito:Reprodução)

A estudante Camila Paoliello Ribeiro, de 24 anos, também faleceu por “intoxicação exógena por monóxido de carbono“, em setembro de 2012, no mesmo andar do condomínio onde o casal Nathalia Guzzardi Marques e Mateus Correia Viana foram encontrados.

Reprodução/TV Globo

Quatro pessoas de uma família foram achadas mortas no dia 13 de julho de 2019, em um apartamento em Santo André, no ABC paulista. Elas foram vítimas de um vazamento de gás de um aquecedor. Segundo a perícia, a taxa de monóxido de carbono medida no apartamento foi mais de 20 vezes o nível tolerado pela saúde.

O que é o monóxido de carbono?

O monóxido de carbono é um gás produzido a partir da queima de carvão ou madeira com pouco oxigênio, sua fórmula é conhecida como CO. Ele é importante para a indústria e, no primeiro momento, não é nocivo.

“O problema começa quando o monóxido de carbono é inalado por muito tempo, porque ele se liga à hemoglobina, que é composta por ferro, presente nos glóbulos vermelhos e responsável por transportar o oxigênio pelo sistema circulatório”, explicou o químico Henrique Eisi Toma, que é professor titular na Unidade de São Paulo (USP), em entrevista à IstoÉ.

Com essa perda do oxigênio pelo sistema circulatório, a pessoa começa a sentir falta de ar, dor de cabeça, náuseas e pode até ficar inconsciente.

“A solução rápida é a pessoa sair do local onde tem bastante monóxido de carbono e respirar, pois ele sai do nosso organismo com certa facilidade. Porém, se a pessoa estiver dormindo, fica um pouco mais complicado”, acrescentou o professor.

Com o calor produzido pela ladeira, por exemplo, a pessoa pode acabar dormindo e, sem perceber, passa a inalar o monóxido de carbono, que é inodoro (não possui cheiro). Como está adormecida, ela não nota o mal estar e desmaia por conta da intoxicação.

“A morte demora um pouco para acontecer. O primeiro órgão a ser afetado é o cérebro, que depois de cerca de quatro minutos sem oxigênio sofre danos irreversíveis”, explicou Henrique Eisi.

Por conta disso, o professor faz o alerta para as pessoas não dormirem na frente das lareiras. “Os estabelecimentos também podem comprar sensores de monóxido de carbono, que não são caros, e avisar os hóspedes sobre os cuidados que devem ter”, finalizou.