Intolerância política: casos de violência e ameaças crescem às vésperas das eleições

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Com a aproximação das eleições, casos de intolerância política estão cada vez mais frequentes Foto: Reprodução

Nas últimas semanas antes das eleições de outubro, casos de intolerância política se multiplicam pelo Brasil. De acordo com levantamento do Observatório de Violência Política e Eleitoral da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), no primeiro semestre deste ano, o país registrou 214 casos de violência política.

O número é quase 27% maior que o registrado no mesmo período em 2021 e 32% maior em comparação com o mesmo período em 2020, último ano eleitoral, quando houve pleito municipal.

No último sábado (10), um vídeo de um homem ameaçando interromper a doação de marmitas a uma mulher, que afirmou apoiar o ex-presidente Lula (PT), viralizou nas redes sociais. Na gravação, o comerciante Cássio Cenali entrega uma caixa com marmitas para a diarista Ilza Ramos Rodrigues e a questiona se ela vai votar no presidente Jair Bolsonaro (PL) ou no petista.

Ao ouvir que a eleitora apoia Lula, o bolsonarista diz que aquela seria a última marmita que ele entregaria a ela. A cena ocorrida em Itapeva (SP) ilustra mais um caso de intolerância política a pouco menos de um mês das eleições deste ano, marcadas por casos de agressão e mortes motivadas por divergências políticas.

Relembre outros casos recentes de intolerância política:

Na última sexta-feira (9), o bolsonarista Rodrigo Duarte levou um soco de um apoiador de Lula, após provocar uma confusão na porta de um evento em apoio ao ex-presidente petista, em São Gonçalo (RJ). Dirigindo um carro adesivado com fotos de Lula preso, Duarte reduziu a velocidade e vaiou os apoiadores do ex-presidente. Um deles chegou a dar um tapa no carro.

Pouco depois, o bolsonarista parou o carro e entrou em confronto com o grupo de Lula. Na confusão, o bolsonarista teve o celular retirado de sua mão e os adesivos no veículo foram rasgados. Duarte foi retirado do local por agentes da Polícia Federal.

Petista morto a facadas

Já na quarta-feira (7), um apoiador de Bolsonaro, identificado como Rafael Silva de Oliveira, 24 anos, matou Benedito Cardoso dos Santos, 44, eleitor de Lula, durante uma briga política em Confresa (MT).

À polícia, o suspeito confessou ter assassinado o petista, com facadas no rosto depois de receber um soco em meio à uma discussão por divergências políticas.

Agressão após meme contra o presidente

Também no último dia 7, um jovem de 22 anos ficou ferido após ser espancado pelo padrasto, em Sorriso (MT). O motivo da agressão teria sido um post feito pelo rapaz nas redes sociais com um meme contra o atual presidente.

Conforme a Polícia Civil, o padrasto ainda teria empurrado a namorada da vítima, e falado para ela que era para o enteado tomar cuidado nas esquinas, insinuando que poderia fazer algum mal para ele.

Baleado após questionar posicionamento eleitoral da igreja

Em agosto, o assessor empresarial Davi Augusto de Souza, de 40 anos, foi baleado na perna dentro da Igreja Congregação Cristã no Brasil, em Goiânia (GO). A família afirma que o policial militar Vitor da Silva Lopes teria atirado na vítima após uma discussão política.

Davi teria acusado o líder da sede da igreja de ir contra a “doutrina apartidária” da instituição, após a igreja distribuir uma circular sobre eleições, que pede aos fiéis para não votarem em candidatos que têm plano de governo a favor da desconstrução das famílias.

Em depoimento, o PM relatou que ele entrou em uma briga corporal com a vítima e se sentiu ameaçado. Em dado momento, sacou a arma e pediu distância. Para se defender, ele deu um tiro na perna da vítima, sem intenção de matá-la. A família, no entanto, nega a versão do policial. O caso segue em investigação.

Morto durante aniversário

Intolerância política: casos de violência e ameaças crescem às vésperas das eleições
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Em julho, o guarda municipal Marcelo Arruda foi morto pelo policial Jorge Guaranho durante sua festa de aniversário, cujo tema homenageava o PT, em Foz do Iguaçu.

Segundo boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil do Paraná e testemunhas no local, o agente penitenciário teria aparecido na festa apontando uma arma ao mesmo tempo que gritava insultos aos presentes e palavras a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL), pré-candidato à reeleição.

Jorge José deixou o local a pedidos de sua mulher, dizendo que voltaria, o que de fato ocorreu pouco depois, quando disparou contra Marcelo, que a essa altura estava com sua arma funcional e reagiu atingindo o bolsonarista.

O tesoureiro do PT morreu devido aos ferimento. Já Jorge José, que também ficou ferido, foi denunciado por homicídio qualificado.

Os casos citados nesta matéria ocorreram no segundo semestre do ano, por isso, ainda não foram contabilizados pelo Observatório de Violência Política e Eleitoral da Unirio, que divulga dados trimestrais. O próximo levantamento, com dados dos meses de julho a setembro, deve ser divulgado em outubro.