As commodities agrícolas devem ser influenciadas por fatores macroeconômicos internacionais, principalmente a saída do Reino Unido do bloco econômico europeu, o chamado “Brexit”, segundo estudo da consultoria INTL FCStone divulgado na manhã desta segunda-feira, 11.

De acordo com o documento, o Brexit pode gerar instabilidade nos mercados financeiros, caso os dados das economias britânica e europeia exibam sinais de enfraquecimento resultante da decisão. “Sob essas condições, o ambiente seria de aversão ao risco, levando os agentes a reverterem seus recursos para investimentos seguros nas economias centrais e pressionar o preço das commodities”, explicou no estudo a coordenadora de inteligência de mercado do grupo, Natália Orlovicin.

No caso do cacau, apesar dos maiores impactos já terem sido absorvidos, o Brexit criou um panorama de incertezas nos mercados e pode pressionar o euro, principal moeda utilizada por operadores do produto, de acordo com a consultoria. Políticas de flexibilização monetária na União Europeia também tendem a desvalorizar a moeda.

A consultoria traçou dois cenários possíveis pós-Brexit para a economia global, segundo o analista de mercado da INTL FCStone, Vitor Andrioli. O primeiro e mais otimista considera que o desarranjo financeiro previsto ao redor do mundo não se concretizaria e as medidas de estímulo adotadas pelas economias centrais, injetando liquidez nos mercados, seria recebida por investidores com apetite por risco. “O diferencial de remuneração das commodities e dos ativos de economias emergentes atrairia parte significativa desses recursos, conferindo um viés baixista ao dólar”, disse Andrioli na nota.

No segundo cenário, pessimista, a manifestação de sintomas de instabilidade, a despeito de estímulos monetários nas economias centrais, acentuaria a aversão ao risco e promoveria a fuga de capitais “para a qualidade”, o que fortaleceria o dólar. “A mudança na configuração das relações entre britânicos e europeus e o surgimento de iniciativas semelhantes podem fragilizar o bloco, conduzindo para baixo as projeções para o crescimento mundial em 2016”, acrescentou o analista.

Para o Brasil, a INTL FCStone aponta que a votação definitiva do Senado sobre o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, deve continuar no radar e pode trazer novas oscilações cambiais, com influência direta no mercado interno de commodities.

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Além disso, a atuação do Banco Central, agora presidido por Ilan Goldfajn, deve ser monitorada, em especial pelo posicionamento da instituição quanto ao futuro da taxa de juros no País.


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