Dezenas de cidades do interior de São Paulo não realizaram vacinação contra a gripe nesta segunda-feira, 2, por falta de vacinas. No sábado, 30, o dia D da vacinação, houve grande correria aos postos e os estoques disponíveis esgotaram rapidamente. A quantidade disponível foi insuficiente para atender a demanda que, em algumas cidades, foi quase cinco vezes maior que a esperada. Em cidades como Votorantim e Marília, pessoas do grupo de risco que foram aos postos voltaram sem serem vacinadas.

Até a tarde desta segunda-feira, 2, a prefeitura de Piracicaba não tinha recebido as 31 mil doses que a Secretaria estadual informou que mandaria. No sábado, os 41 postos fixos e 18 volantes que abriram para a vacinação receberam um público muito acima do esperado e a vacina acabou antes da hora. “Para se ter uma ideia, no dia D de 2015 vacinamos 9.700 pessoas. Neste sábado, foram 26.500”, disse Rodrigo de Proença Guidi, assessor especial da Secretaria da Saúde. Segundo ele, apenas os 22 postos de saúde que não abriram no sábado tinham vacina para aplicar nesta segunda-feira, mas a prefeitura optou por não divulgar os locais para evitar nova correria. A cidade investiga dez mortes suspeitas de H1N1.

Em Limeira, a vacinação não foi reiniciada porque o novo lote de vacina ainda não tinha chegado. A expectativa é de retomar a campanha na quarta-feira, 4. De 56 mil pessoas a serem vacinadas, 19,4 mil foram atendidas no primeiro dia. O número não foi maior porque a vacina acabou. O secretário de Saúde, Alexandre Ferrari, pediu calma aos moradores. “Não há necessidade de aglomeração, a população deve procurar com calma os centros de saúde, pois a campanha vai até o dia 20 e temos a garantia de que haverá vacina para todos.”

A prefeitura de Marília também aguardava a chegada de novos lotes para retomar a vacinação. “Recebemos da Secretaria para o dia D pouco mais de 19 mil doses, 37% do previsto para o município. Iniciamos a vacinação às 8 horas e precisamos suspender ao meio dia em alguns postos por causa da grande procura”, disse a supervisora da Vigilância Epidemiológica, Alessandra Mosquini. Segundo ela, é preciso aguardar a chegada da vacina para distribuir os lotes e planejar a continuação do atendimento.

Os postos de Campinas e Paulínia realizavam a vacinação nesta segunda-feira, mas as filas já eram menores que no sábado. A cidade de Amparo recebeu 500 doses de vacina e atendeu pessoas do grupo de risco que foram às unidades. A prefeitura foi informada de que mais duas mil doses serão entregues nesta terça-feira, 3. Em Monte Mor, só dois postos tinham vacina e aplicavam o imunizante. As demais unidades voltam a atender na terça. Já em Cordeirópolis a vacinação será reiniciada na quinta.

A prefeitura de Batatais também ficou sem vacina e esperava a chegada de um novo lote. O secretário de Saúde, Ramon Gustavo de Oliveira, disse que as pessoas não precisam enfrentar filas para se vacinar. “Estamos recebendo as vacinas em lotes, ou seja, na medida em que a população-alvo for recebendo a vacina, estaremos buscando mais”, disse.

Insuficiente

A Secretaria da Saúde do Estado informou que havia alertado o Ministério de Saúde de que as doses recebidas até sábado, 30, não seriam suficientes para atender a alta demanda dos municípios do interior do Estado durante o Dia D. Só no final da tarde de sexta-feira, 29, o governo federal enviou uma nova remessa de vacinas que, a partir desta segunda-feira, 2, está sendo redistribuída aos municípios.

Até a sexta, segundo a Secretaria, São Paulo recebeu 9,9 milhões de doses, 78% das 12,7 milhões necessárias a imunização do público-alvo da campanha. Conforme a pasta, o Ministério da Saúde informou que duas novas remessas devem chegar ao Estado até o dia 13 de maio, em quantidade suficiente para a vacinação prevista na campanha. Desde 4 de abril, quando foi iniciada a vacinação antecipada na capital e Grande São Paulo, 5,5 milhões de pessoas foram imunizadas contra a gripe no Estado. Somente no sábado até as 12 horas, foram aplicadas 826,4 mil doses.

Em São Paulo, a cobertura alcançou 112,7% do público-alvo. As metas foram atingidas também nas demais cidades da Grande São Paulo, segundo a Secretaria. A campanha segue até o dia 20 de maio. Nesta primeira fase, são vacinadas crianças entre 6 meses completos até cinco anos incompletos, gestantes, mulheres no pós parto (até 45 dias) e profissionais de saúde que trabalham em hospitais, unidades de pronto atendimento públicos e privados e nas Unidades Básicas de Saúde. Na segunda etapa, a partir de 9 de maio, a vacina será aplicada em pessoas com comorbidades e nos demais profissionais de saúde.