O presidente do Comitê Paralímpico Internacional (CPI), o brasileiro Andrew Parsons, disse em entrevista à AFP que “o interesse pelo esporte paralímpico nunca foi tão forte”, a 100 dias do início dos jogos de Inverno de Milão-Cortina, evento que espera aproveitar o sucesso de Paris-2024.
Pergunta: A 100 dias do início dos Jogos Paralímpicos, em que ponto estão os preparativos?
Resposta: “Estamos satisfeitos com o andamento dos preparativos. Já tivemos competições de Copa do Mundo em algumas das sedes, com sinais positivos. Teremos Jogos espetaculares, do ponto de vista das sedes e das paisagens, como as Dolomitas. Tudo está bem encaminhado. Evidentemente, enfrentamos desafios. Não é nenhum segredo, as sedes estão muito afastadas umas das outras e isso tem um impacto. Isso acontece porque, assim como o Comitê Olímpico Internacional (COI), nós promovemos o uso de estruturas já existentes. Mas acho que, junto com o comitê organizador, vamos encontrar a maneira de administrar esse desafio logístico, mantendo o espírito dos Jogos. Os atletas terão uma experiência muito autêntica dos Jogos”.
P: O CPI reintegrou os comitês nacionais paralímpicos (CNP) de Rússia e Belarus como membros de pleno direito, mas as federações internacionais, responsáveis pelos sistemas de classificação, mantiveram suas suspensões. Não existe mais a possibilidade de ver os atletas desses dois países desfilando com suas bandeiras e os hinos na cerimônia de abertura em Verona?
R: “A Federação da Rússia recorreu no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) contra a decisão da FIS (Federação Internacional de Esqui, responsável por três das seis modalidades do quadro dos Paralímpicos). Estamos acompanhando o caso e temos que esperar a decisão do TAS, mas só os comitês nacionais que contam com atletas classificados podem desfilar. Se não houver russos nem bielorrussos classificados, não poderá haver representantes oficiais desses dois comitês”.
P: Como você interpreta a decisão de reintegrar Rússia e Belarus?
R: “Eu não devo interpretá-la, devo implementá-la. Foi uma decisão da nossa assembleia geral, tomada de forma democrática (…) Compreendemos que existem diferentes pontos de vista e que os membros que votaram contra a retirada da suspensão, especialmente os países europeus, cujo ponto de vista conta, não estão satisfeitos”.
P: Esta edição marca o retorno dos espectadores aos Jogos Paralímpicos de Inverno. O sucesso de Paris-2024 pode se refletir em Milão-Cortina?
R: “Acho que o sucesso de Paris-2024 ainda continua na memória de todos os torcedores do mundo, e que por essa razão haverá um interesse maior por Milão-Cortina. Se Paris não tivesse sido o grande sucesso que foi, provavelmente seria diferente. Mesmo com as diferenças entre os eventos de verão e de inverno, os Jogos de Paris despertaram o interesse das pessoas pelos Paralímpicos. O interesse pelo esporte paralímpico nunca foi tão forte. Quando falamos dos jogos de Inverno e dizemos que os atletas com deficiência visual podem alcançar os 100 km/h, as pessoas respondem: ‘Não, não é possível!’. Ligue a televisão que você vai ver!”.
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