No início da pandemia do novo coronavírus, as pessoas se viram trancadas em casa e reféns dos dispositivos móveis, como celulares e tablets. A quarentena, a expansão da covid-19, a educação remota e o home office mudaram a maneira como as pessoas interagem com as redes sociais.

Isso é o que mostra o estudo “Mídias Sociais 360º”, realizado pelo Núcleo de Inovação em Mídia Digital da FAAP em parceria com a Socialbakers. O levantamento analisa os cem perfis de personalidades e marcas no Facebook e Instagram com mais interações e vem acompanhando oscilações nos números de curtidas e comentários, especialmente no Instagram.

Nos três primeiros meses do ano, por exemplo, foi identificado um salto nos números dos perfis de influenciadores digitais. Naquela ocasião, a média de interações era de 150.385 por post, um crescimento de 20,5% em relação ao trimestre anterior. Já em abril, maio e junho, no auge da pandemia, a média de curtidas e comentários desses perfis caiu para 86.503 em cada postagem.

Alguns influenciadores chegaram a ser temporariamente cancelados por causa de condutas que tiveram durante a pandemia. É o caso de Gabriela Pugliesi, que contraiu o coronavírus, fez diversas postagens alertando sobre a gravidade da doença mas, quando se curou, realizou uma festa para amigos. Ela perdeu seguidores, parcerias comerciais e ficou 12 semanas afastada do Instagram. “Vivi dias extremamente necessários, fora da internet, que foram muito importantes para mim, para o meu aprendizado. Me perdoei”, declarou na ocasião.

Na mais recente análise do Núcleo de Inovação em Mídia Digital da FAAP em parceria com a Socialbakers, nos meses de julho, agosto e setembro, a interação nos perfis de personalidades subiu para 102.030. Essa média é muito próxima do que foi observado no mesmo período de 2019, que era de 105.637, quando nem se falava em pandemia.

Para os pesquisadores, durante o auge da pandemia, houve uma falta de entendimento sobre o papel dos criadores de conteúdo, que perderam seguidores. Mas, com o afrouxamento da quarentena, o público voltou a acompanhá-los. “Há dois movimentos nesse sentido. Muitos influenciadores digitais mudaram suas estratégias a respeito do que postar durante esse período. E isso pode ter feito o seguidor voltar a ter interesse por aquela pessoa. Por outro lado, com uma maior abertura, os velhos hábitos, tanto dos consumidores quanto das celebridades, retornaram, gerando também mais disposição no público”, afirma o professor Adriano Cerullo, que integra o grupo de pesquisadores da FAAP.

A pandemia do novo coronavírus fez as pessoas repensarem a relação que têm com quem está nas redes sociais. “Influenciadores digitais e criadores de conteúdos precisam não só deixar evidente sua conscientização sobre o momento delicado que vivemos, mas principalmente evidenciar a relevância do seu conteúdo para as pessoas”, ressalta o coordenador do Núcleo de Inovação em Mídia Digital da Faap. Eric Messa dá uma dica: “Em busca de ampliar a sua comunidade, um influenciador digital deve antes de mais nada ter uma presença ativa, ou seja, não basta publicar um bom conteúdo. É preciso construir um relacionamento com os seguidores, responder os comentários e participar das conversas que acontecem em outros perfis”.

Outra boa forma de mostrar relevância, de acordo com o professor, é atuar como um curador na área de atuação. Mostrar domínio sobre determinado tema e ajudar as pessoas a filtrar o que é importante em meio ao excesso de informação destes nossos tempos.