14/04/2022 - 8:02
Como tem ocorrido com outras fintechs, o Inter vai acelerar a sua expansão internacional. Mas, ao contrário de rivais como o Nubank, que apostam na América Latina, a família Menin, fundadora do banco, diz que a meta é crescer em mercados desenvolvidos, com plano de chegar a 1 milhão de clientes nos Estados Unidos até o fim do ano e, depois, partir para uma expansão para a Europa.
A entrada no mercado americano ocorreu no fim de 2021, com a compra da Usend, fintech que já tinha uma conta digital e cerca de 200 mil usuários, porém atuava com foco maior nas remessas de estrangeiros para seus países de origem. Na prática, o Inter vai continuar focado nos imigrantes dos EUA, que pagam altas taxas para utilizar serviços bancários por lá.
“Queremos ser um aplicativo global. No fim, não vamos pensar mais em uma conta brasileira e outra americana, mas tudo interligado para que criemos uma solução global”, diz o presidente da empresa, João Vitor Menin. “E, ao acertar a mão na operação dos Estados Unidos, em vez da Colômbia, por exemplo, os resultados serão absurdamente maiores.”
A ordem dentro do Inter, que conseguiu nas últimas semanas as liberações que faltavam de autarquias americanas, é trazer mais funcionalidades para atrair os clientes. Estão sendo testados produtos como o Inter Shopping, marketplace que se tornou um dos principais diferenciais da conta no Brasil por seus generosos cashbacks (devolução de parte do dinheiro ao cliente que compra pelo aplicativo), e a área de investimentos, o Inter Invest.
Além disso, a empresa pretende potencializar o negócio de remessas da Usend. A ideia, porém, é fazer isso como mais um produto dentro da carteira do Inter, com a marca deixando de ser a principal utilizada nos Estados Unidos. Nos próximos meses, todas as contas da fintech americana ficarão debaixo do guarda-chuva da brasileira.
Menin também está de olho no mercado europeu, onde a entrada deve ser via aquisições. Em entrevista recente ao Estadão, Rubens Menin, presidente do conselho do Inter e pai de João Vitor, disse que o mercado português seria uma opção, ainda mais pelo conhecimento da região após a entrada da família no negócio de vinhos por lá.
Mercado
Na última terça-feira, 12, o Inter divulgou as prévias operacionais do primeiro trimestre deste ano. E, apesar de números como o aumento de 82% na base de clientes na comparação anual, ultrapassando 18 milhões de usuários, o mercado não gostou do que viu.
Os analistas e investidores se concentraram em dados como o de originação de crédito, que teve alta de 22% quando comparado ao mesmo período de 2021, a R$ 4,5 bilhões, mas uma redução de 25% em relação ao quarto trimestre do ano passado.
Já a inadimplência aumentou em 0,5 ponto porcentual de um trimestre para outro, a 3,3%, enquanto a do cartão de crédito subiu 1,5 ponto porcentual, alcançando 6,6%. O resultado foi uma queda de quase 9% das ações no dia da divulgação – mas com uma recuperação de 1,32% no pregão de ontem.
Para os analistas do BTG Pactual, há pontos positivos nos dados, mas a empresa precisa mostrar mais capacidade de ampliar a sua rentabilidade. “O Inter precisa mostrar aos investidores quão bem seu modelo de negócios pode aproveitar a sua alavancagem operacional”, escreveram os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paúra.
Já o presidente da companhia acredita que os resultados vieram “muito bons”. “Dentro das condições macroeconômicas e de juros, fizemos um excelente resultado. Obviamente, a expectativa é que poderia ser melhor, mas acredito que se fôssemos uma visão de capital fechado não estaríamos sendo tão penalizados”, diz Menin. As ações do Inter acumulam queda de quase 40% desde janeiro e de 72% nos últimos 12 meses.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.