Professor e cientista social de grande importância na história política brasileira, Hélio Jaguaribe morreu nesta segunda-feira em sua casa em Copacabana, no Rio de Janeiro, aos 95 anos, vítima de uma falência múltipla dos órgãos.

Jaguaribe elaborou, em dezenas de livros – como “A dependência político-econômica da América Latina” e “Um estudo crítico da história” -, seus pensamentos sobre o desenvolvimentismo e lançou seu olhar sociológico sobre história, economia e política.

Com posicionamentos de centro-esquerda e crítico da ditadura militar, Jaguaribe mudou-se para os Estados Unidos durante os “anos de chumbo”, quando lecionou nas universidades de Harvard, Stanford e no MIT.

Na vida política nacional, participou da fundação do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e foi ministro da Ciência e Tecnologia de Fernando Collor de Mello.

“Minhas várias tentativas de influenciar a sociedade brasileira tiveram um êxito operacional moderado, para não dizer frequentemente nulo, e creio que vou morrer sem ver o Brasil desenvolvido a que eu aspirava (…). Mas eventualmente as coisas que estou fazendo serão úteis para a fertilização de um projeto futuro”, afirmou, em entrevista à Folha de São Paulo em 1998.

Em entrevista à AFP perto das eleições de 2010, Jaguaribe criticou a “entrada da religião no debate público”. “Há pessoas que conservam um certo rigor, para não dizer fanatismo, que expressaram suas ideias sobre o aborto ou o casamento homossexual, o que é um artifício político deplorável”, afirmou.

Ele recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade de Johannes Gutenberg, de Mainz, Alemanha, em 1983, e da Universidade de Buenos Aires, em 2001.

Imortal da Academia Brasileira de Letras, Jaguaribe terá seu corpo velado nesta quarta-feira na sala dos poetas românticos, e seu sepultamento acontecerá no mausoléu da ABL no cemitério São João Batista. O acadêmico deixa viúva, Maria Lucia Charnaux, e cinco filhos.