Intelectuais espanhóis pedem que ETA esclareça crimes

Intelectuais espanhóis pedem que ETA esclareça crimes

Centenas de intelectuais e vítimas do grupo ETA pediram neste domingo (29) à organização basca – que deve anunciar sua dissolução em breve – que esclareça seus crimes sem resolução e condene sua “história de terror”.

Para um final “digno e definitivo”, o manifesto exige o “esclarecimento dos crimes não resolvidos, que chegam a pelo menos 358”

Assinado por escritores como Fernando Sabater, Fernando Aramburu e Maite Pagazaurtundua, deputada europeia pelo UPeD (centro-direita) e irmã de um policial assassinado pelo ETA em 2003, o texto já havia recolhido mais de 1.600 assinaturas de apoio na tarde de domingo através do site change.org.

Também pede aos membros do grupo uma “condenação da história de terror, de maneira que deslegitimem a violência tendo em vista as futuras gerações”.

O manifesto foi divulgado a poucos dias do esperado anúncio da dissolução do ETA no início de maio, após mais de quatro décadas de violência em sua luta pela independência do País Basco.

Criado em 1959 sob a ditadura de Francisco Franco, o ETA (Euskadi Ta Askatasuna, ou País Basco e Liberdade), que anunciou sua renúncia a luta armada em 2011, é relacionado a um histórico de assassinatos, ataques com bombas, extorsões e sequestros que deixou um número de pelo menos 829 mortos.

“[ETA] não forneceu informação sobre os autores de centenas de assassinatos e que não está a disposição das famílias, da sociedade e da justiça”, recordaram os intelectuais e as vítimas.

Criticaram também que em uma recentemente declaração o ETA pediu perdão apenas às vítimas sem “participação direta no conflito”.

“É uma nova humilhação. Ninguém está feliz morto, ninguém deveria ter sido assassinado”, ressaltou o manifesto, que pediu também o fim “das homenagens públicas a terroristas” no País Basco.