O candidato a deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) se envolveram em uma confusão neste domingo, 25, na altura da Rua Haddock Lobo, na Avenida Paulista, em São Paulo, por volta das 15h. O coordenador nacional do MBL, Renato Battista, acusa o candidato de agredir um adolescente de 15 anos, pertencente ao movimento. Já Boulos nega a acusação. Policiais militares ainda tentaram levar o psolista para a delegacia, o que foi impedido por advogados e militantes, de acordo com Boulos.

Nos vídeos enviados pelo PSOL e MBL ao Estadão, além dos que circulam nas redes sociais, o jovem aborda o candidato, filmando o próprio rosto, perguntando por que ele defende ditaduras como a de Cuba. Depois disso, a câmera começa a tremer e não há como identificar o que se passou.

O MBL apresentou uma foto do rapaz com machucados no rosto. Em nota, a equipe de Boulos disse que “os policiais foram instrumentalizados por candidatos de direita” para constrangê-lo e “gerar um fato político favorável aos bolsonaristas”. O impasse durou cerca de 30 minutos.

O MBL afirma que houve agressão. O jovem, de 15 anos, “estava com os pais na Paulista e foi questionar Guilherme Boulos, mas acabou sendo agredido pelo candidato e sua militância”, afirma Battista, também candidato a deputado estadual, em nota.

Segundo ele, o empresário Cristiano Beraldo, candidato a deputado federal (União Brasil), chamou a Polícia Militar, que tentou conduzir Boulos para uma unidade, mas foi impedida por militantes do PSOL. “Boulos não apenas agrediu um menor, como resistiu à polícia e fugiu do local com auxílio de seus pelegos”, completa o coordenador do MBL.

Boulos, que é coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), nega a versão do MBL sobre o episódio. “Mais uma vez o MBL causa confusão com sua tática de provocação da extrema direita no pior estilo bolsonarista”, disse ele em uma publicação no Twitter.

De acordo com ele, militantes do grupo vieram fazer provocações durante uma caminhada na Paulista. “Mandaram um rapaz militante deles, menor de idade, botar o celular na minha cara”, conta. “Não contente, foram procurar uma base da PM dizendo que eu tinha agredido o rapaz do MBL e a turma deles”, acrescenta.

O psolista ainda diz que os policiais tentaram levá-lo à força “de forma absolutamente ilegal” e que jogaram spray de pimenta. Ele admite ter se recusado a ir até à delegacia e classificou a confusão como “mais um episódio desse clima de intimidação” na reta final da campanha. “Não vamos nos intimidar”, conclui o candidato.

A tentativa de condução à delegacia foi interrompida após a intervenção dos advogados criminalistas Ariel de Castro Alves e Augusto de Arruda Botelho. “A tentativa de prisão é completamente ilegal e visa intimidar o candidato. Por lei, a Polícia Militar só pode efetuar prisões em flagrante, o que não aconteceu pelo simples fato de que não houve agressão por parte do candidato. Além disso, a ação dos policiais viola o artigo 236 do Código Eleitoral, que dá imunidade a todos os candidatos por 15 dias antes da data da votação”, afirma a assessoria de Boulos, em nota.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que policiais militares foram acionados para uma ocorrência de lesão corporal na Paulista. “Um adolescente de 15 anos informou às equipes que foi agredido por um candidato a deputado federal, apresentando imagens das agressões e lesões aparentes no corpo”, afirma, em nota.

Segundo a SSP, os agentes solicitaram que o candidato os acompanhasse até a delegacia, mas ele se recusou. “Um grupo de pessoas passou a hostilizar os policiais, que precisaram intervir, controlando o tumulto”, adiciona. A ocorrência foi apresentada no 78º DP (Jardins) e está sob os cuidados do delegado Fabio Hayayuki Matsuo.

O candidato Cristiano Beraldo, e os advogados Ariel Alves e Augusto Botelho não foram localizados.