Com recursos escassos para manter a Casa de Vidro, o conselho do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi busca novas formas de financiamento para transformar a residência do casal em museu permanente. Hoje, o espaço sobrevive por meio de doações, locações e parcerias. Há também visitas guiadas e exposições temporárias, como a dedicada à produção de móveis assinados pela arquiteta italiana, encerrada em 31 de julho. A ideia é que, no futuro, o interior do imóvel tenha sua configuração original retomada, com maior destaque ao acervo da dupla, que possuía uma vasta coleção de arte.

Eles viveram na casa, tombada como patrimônio histórico pelo Condephaat, de 1951 até o fim da vida – Lina morreu em 1992, e Pietro, em 1999. “Ao longo dos anos, o espaço ficou descaracterizado. Precisamos tirar várias peças para montar escritórios e melhorar a circulação de pessoas”, afirma a museóloga Sonia Guarita do Amaral, presidente da entidade que administra o local. “Queremos que a casa volte a ser exatamente como era quando o casal morou aqui, fortalecendo sua vocação para centro de referência em arquitetura, urbanismo, arte e design. Tudo relacionado ao que eles criaram.”

O projeto do instituto prevê a construção de um prédio anexo à casa, onde ficará a reserva técnica, a área administrativa e parte do acervo. Apesar de não terem fechado um orçamento exato da obra, os conselheiros começaram a procurar patrocinadores da ideia. “Já solicitamos a alguns órgãos a possibilidade de ajuda. Temos o projeto, a planta e a maquete. Vamos ver o que conseguimos”, diz Sonia.

Outra forma de angariar fundos é aumentar o número de reedições do trabalho de Lina. Além do projeto com a joalheria Talento, a empresa de mobiliário Etel lançou recentemente versões de cadeiras assinadas pela arquiteta (entre elas, uma de balanço e uma poltrona com três pés de metal).

A atual diretoria vem se esforçando ainda para tornar a entidade privada uma organização social – assim, comprovando que seus fins são de interesse da comunidade, poderá receber benefícios do poder público, como isenção fiscal. “Vamos ter um funcionamento mais profissional”, afirma a presidente. “Estamos ampliando nosso leque de atividades e costurando parcerias internacionais. A Casa de Vidro tem toda a tipologia de uma casa histórica e já possui reconhecimento mundial.”