Na entrada de um dos espaços de negócios da Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia (Finit), um painel chama a atenção. Em tempo real, os mais bem avaliados recebem match (correspondência) e têm a classificação exibida. A cada segundo, o ranking muda, e alguém antes ignorado passa a atrair os holofotes.
O que parece um aplicativo de relacionamentos é, na verdade, um critério de avaliação de empresas. Grandes companhias dão notas para as startups (pequenas empresas que vendem inovações tecnológicas), que sobem de nível conforme a pontuação. A iniciativa faz parte do Movimento 100 Open Startups, uma das principais plataformas de conexão entre os disseminadores de novas tecnologias e as empresas de maior porte.
Ontem (31) e hoje (1º), a companhia promoveu rodadas de encontros entre representantes de 100 grandes empresas e 200 startups de todo o país. Com reuniões cronometradas em 20 minutos, o objetivo era fazer as grandes companhias conversar com o maior número possível de empresas nos dois dias do encontro. Assim como nos aplicativos de encontro, um match significa interesse do grande empresário em continuar as conversas.
Segundo Bruno Rondani, CEO e fundador do Movimento 100 Startups, o contato pessoal acelera o fechamento de negócios e o desenvolvimento de novas tecnologias na economia brasileira. “A internet ajuda a divulgar a startup, mas os negócios continuam a ser fechados pessoalmente. Entre as capitais, São Paulo tem o maior número de startups no país, mas Belo Horizonte tem a maior densidade [ao dividir o total de empresas pelo número de habitantes]. A cidade é um celeiro de inovações”, afirmou.
Atrativos
A iniciativa agrada aos donos de startups. Fundadores da Opinion Box, startup de Belo Horizonte que fornece soluções tecnológicas para pesquisas de opinião, Felipe Schepers e Christian Reed, dizem que o evento representa um catalisador no fechamento de negócios. “Num curto espaço de tempo, várias empresas grandes entram em contato com soluções bacanas. Num processo normal, demoraria muito para a gente ter acesso a esse tanto de empresas”, explica Reed.
Fundador da Kitutor, plataforma de educação online que oferece aulas em sites restritos, Antônio Pinto diz que iniciativas como a do Movimento 100 Open Startups trazem ganhos para toda a sociedade ao aproximar as ideias tecnológicas do mercado. “Num evento como esse, dois dias equivalem a um ano de reunião”, afirma. Ganhador de três concursos recentes de startups, Antônio Pinto ainda opera em fase de pré-venda, mas diz que fechou bons contatos que gerarão faturamento assim que a empresa for lançada, em janeiro.
Gerente executivo de Tecnologia e Inovação na mineradora Vale e vice-presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), Luiz Eugênio Mello ressalta que a articulação entre o conhecimento produzido nas universidades e nas empresas iniciantes e o mercado é essencial para estimular o investimento em pesquisa e inovação, principalmente em um momento de crise econômica e de redução dos investimentos públicos.
“A mudança e a renovação nascem a partir da semente. Nesse sentido, as startups representam as empresas no estado nascente. A novidade vem de quem está começando. Quem já está estabelecido busca manter o mundo do jeito que é. Quem está buscando espaço tem de inovar”, ressalta.
Fundado em São Paulo há oito anos, o Movimento 100 Open Startups tem como objetivo fazer a ponte entre as grandes empresas e os detentores de inovação tecnológica. Ao se cadastrar no site https://www.openstartups.net, as startups passam a receber avaliações das empresas, em um mecanismo semelhante ao do painel exposto na feira, e são classificadas em cinco níveis. Somente a partir do nível 4, que indica negócios em andamento com grandes empresas, as startups são autorizadas a participar dos encontros presenciais como na Finit.
*O repórter viajou a convite da Anpei