Comove ouvir o discurso do empresário Bernardo Paz, fundador de Inhotim, a favor das populações indígenas e dos negros – e o museu a céu aberto abriu um pavilhão permanente só para a fotógrafa Claudia Andujar exibir as fotos que fez dos ianomâmis e um outro temporário para contar a trajetória de Abdias do Nascimento e seu Teatro Negro (mais informações na página C4).

É o discurso de um homem sofrido, subestimado pelo pai, que fez fortuna incorporando mineradoras e plantando eucaliptos no Cerrado, até chegar a administrar um conglomerado de 29 empresas na área de mineração e siderurgia. O grupo, segundo notícia divulgada antes da pandemia, teria sido vendido por US$ 1,2 bilhão para uma estatal chinesa, soma que liquidaria as dívidas dos sócios, mas esse negócio é negado por Paz. “Não vendi nada para os chineses. Quem cuida das minhas empresas é o meu irmão Cláudio.”

Família é um núcleo importante na vida de Paz, casado várias vezes (uma com a pintora Adriana Varejão, que tem pavilhão em Inhotim). “Doei tudo o que está aqui em Inhotim e nenhum dos meus sete filhos brigou por causa de minha decisão”, conclui. “Posso garantir que eles ficaram felizes.”

HOTEL. Para garantir a sustentabilidade do instituto, o empresário retomou as obras de construção do hotel e estaria empenhado na instalação de um aeroporto em Brumadinho, mas perdeu a licença e não conseguiu ainda sua aprovação. Esse é um item fundamental num projeto que pretende atrair cada vez mais visitantes estrangeiros, pois Inhotim fica a uma hora de viagem de Belo Horizonte. “Lá fora, quando você conversa com diretores de museus e curadores sobre o Brasil, todos só lembram de Inhotim”, diz ele.

Paz criou um conselho de 20 notáveis que não dão só palpites sobre a administração de Inhotim, mas pagam para ajudar na manutenção do patrimônio. “Nada mais justo”, argumenta. “Se eles são patronos do MoMA e da Tate, por que não ajudar um museu brasileiro?” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.