Ingra Lyberato, de 54 anos, falou durante uma entrevista ao jornal O Globo, sobre seu processo de autoconhecimento e revelou uma autossabotagem na época em que fez a novela ‘Pantanal’, da TV Globo.

Em seu novo livro, intitulado “A natureza oculta iluminada”, Lyberato  trata de sua nova percepção do mundo e da vida, por meio das experiências. “Eu tinha medo da exposição, e o livro foi um passo na cura. Arranquei máscaras e falei tudo sobre as mentiras que contava para tentar esconder minhas imperfeições. A gente é encorajado a ser sempre perfeito sempre, né? O livro mostra os bastidores da vida artística pelo viés de como a gente pode se desconectar da verdade e viver num mundo de ilusão e fantasia”, disse.

A atriz, continuou falando que percebeu o problema a partir do sucesso de Pantanal: “Estava sendo colocada num pedestal e seria complicado cair. Passei a ter medo de errar, arriscar, me reinventar. Em ‘Ana Raio e Zé Trovão’ estava sendo muito venerada. Naquele momento, senti medo do sucesso e pensei: ‘Não vou dar conta'”. Com apenas 20 anos na época, a atriz não se sentia com maturidade para a fama: “Cresci numa família de artistas movida pelo desejo de expor a alma pela arte. Quando me vi mais preocupada em manter uma imagem construída de mim, meu castelo caiu, a terra tremeu”.

Sobre a trama, ela contou que a obra mostrou um lado positivo do Brasil em meio às crises políticas: “O Collor tinha confiscado as poupanças, fechado a Embrafilme, havia um descontentamento generalizado. A pergunta que estava no ar era ‘que Brasil é esse?’. Aí veio a novela e mostrou um país do qual podíamos nos orgulhar e admirar. Os personagens do Pantanal, os homens de palavra, o povo trabalhador. A novela também mostrou um Brasil que pouco se via na TV, a nossa exuberância natural indescritível, mulheres potentes, com empoderamento, como Bruaca, Juma e Maria Marruá”.

Já questionada sobre possíveis nomes para os papéis de Madeleine e Juma Marruá, a artista disse: “Poderiam lançar uma novata como Juma, ou preparar alguém de outra área, como a música, por exemplo. Acho que o movimento de testes e gente nova sendo lançada pode atrair a atenção do público. Falaram na Marina Ruy Barbosa como Madeleine. O protótipo da mulher sofisticada, de beleza quase intocável, a figura perfeita que não se adapta à mosquito, aos jacarés, pode ser interessante. A Marjorie Estiano seria incrível também, mas aí já estou falando de uma proximidade de aparência, pois ela tem mais o meu biotipo”, concluiu.