Os eleitores da Inglaterra comparecem às urnas nesta quinta-feira (4) para eleições locais, que são consideradas um teste para os conservadores do primeiro-ministro Rishi Sunak, um ano e meio antes das legislativas que podem levar a a oposição trabalhista de volta ao poder.

Os locais de votação permanecerão abertos das 7h00 (3h00 de Brasília) às 22h00 (18h00 de Brasília). Os eleitores escolherão mais de 8.000 vereadores em quase 230 distritos municipais da Inglaterra, uma das quatro nações que formam o Reino Unido.

Pela primeira vez na história, os eleitores precisam apresentaram um documento com fotografia. E em um país onde não existe uma carteira de identidade oficial, esta mudança, prometida pelos conservadores desde 2019, foi criticada pelo risco de afastar das urnas aqueles que, como muitos jovens, não têm passaporte ou carteira de motorista.

O governo afirma que o objetivo é evitar a fraude eleitoral, seguindo a tendência das medidas adotadas em outros países europeus, mas a oposição trabalhista argumenta que este problema é mínimo no país e que a verdadeira meta dos conservadores é subtrair seus votos.

– Vantagem trabalhista –

As eleições locais, tradicionalmente com reduzido índice de participação e que não incluem a prefeitura de Londres, são as primeiras desde que Sunak chegou ao poder em outubro, após a sucessão de escândalos de Boris Johnson e os caóticos 49 dias de Liz Truss como chefe de Governo.

A votação permitirá medir a temperatura da opinião pública a 18 meses das eleições gerais, para as quais o opositor Partido Trabalhista registra uma grande vantagem nas pesquisas.

Antes de chegar ao poder em 1997 e 2010, respectivamente, tanto o trabalhista Tony Blair como o conservador David Cameron venceram por ampla maioria as eleições locais prévias, recordou à BBC o cientista político John Curtice, da Universidade de Strathclyde.

Sunak admitiu que seu partido enfrenta um “duro” teste e que os eleitores podem punir os conservadores pelos erros dos governos de Johnson e Truss.

“Bons vereadores perderão suas cadeiras por tudo que aconteceu no último ano”, afirmou durante um comício na quarta-feira, segundo o jornal conservador Daily Telegraph.

“Estou há apenas seis meses como primeiro-ministro, mas acredito que estamos fazendo bons progressos”, acrescentou.

– “Caos”, “desastre”, “crise” –

Em um artigo publicado no jornal esquerdista Daily Mirror, o líder trabalhista Keir Starmer traça um balanço dos serviços públicos deficientes, aumento da criminalidade e listas de espera recorde nos hospitais após 13 anos de governos do Partido Conservador.

“Seu voto importa”, afirmou. “Se acreditam que é o momento de construir uma Grã-Bretanha melhor, peguem seus documentos de identidade, compareçam a seu local de votação e votem nos trabalhistas hoje”, acrescentou.

As pesquisas mostram que os eleitores estão preocupados principalmente com a inflação, que está acima de 10% há vários meses, e com a crise da saúde pública, afetada por várias greves, incluindo uma paralisação sem precedentes de enfermeiras.

As sondagens mais desfavoráveis projetam uma queda de 1.000 vereadores para os conservadores, que consideram que uma perda inferior seria o equivalente a uma vitória.

Os primeiros resultados devem ser divulgados na sexta-feira, véspera da coroação do Charles III, mas os resultados completos devem demorar vários dias.

Antes das eleições, o centro de estudos “More in Common” reuniu eleitores de um grupo de opinião para avaliar o humor dos britânicos.

Quando solicitados a descrever o estado do país em uma palavra, os participantes responderam coisas como “quebrado”, “caos”, “desastre”, “dificuldades” e “crise”.