Uma calopsita de 32 anos e um cachorrinho cego abandonado subiram ao pódio do ‘Pets Of The Year’ (pets do ano, em tradução livre), o reconhecimento promovido pela rede de veterinários de emergência Vets Now que homenageia bichinhos com boas histórias no Reino Unido. O primeiro lugar foi ocupado pela cadela Belle, da raça Staffordshire Bull Terrier, que ajudou sua tutora a enfrentar uma ansiedade incapacitante que impediu que ela saísse de casa durante sete anos.

Tiger, o pássaro calopsita que soma mais de três décadas de vida, pertence aos tutores Samantha e Andy Stirling, moradores de Dorset, condado situado no sudoeste da Inglaterra, mas é herança da avó de Samantha, que o criou e faleceu há quatro anos. A espécie geralmente vive entre 10 e 15 anos, mas o animal ainda está “alegre como sempre”, segundo os donos, em entrevista ao portal da Vets Now.

“Minha avó criou calopsitas por anos e as vendeu para um pet shop local em Bournemouth”, disse Samantha, 46, de Bere Regis. “Tiger foi uma das últimas ninhadas que ela criou e tem pelo menos 32 anos.”

A calopsita mais velha listada anteriormente pelo Guinness Book of Records também tinha 32 anos, como o Tiger. Samantha considerou enviá-la para concorrer ao livro dos recordes, mas desistiu ao se deparar pelos custos envolvidos e por não conseguir encontrar a papelada que assegurava a idade do animal.

O casal acaba de se mudar para se juntar à família perto de Alicante e fez a viagem de carro com Tiger e seus outros animais de estimação. “Não suportaríamos deixá-lo, pois ele é uma parte tão importante da nossa família”, disse Samantha. “Embora estivéssemos preocupados que pudesse ser muito estressante, ele sempre lidou com tudo muito bem. Tivemos que conseguir a papelada para ele, mas ninguém fica para trás.”

Scout foi abandonado por ser cego

Junto de Tiger, outro vice-pet do ano no Reino Unido é Lurcher Scout, um cachorro cego abandonado que teve uma vida plena e presta ajuda como um cão de terapia. Scout foi deixado nas ruas quando filhote.

“Ele foi pego perdido no Condado de Durham (cidade da Inglaterra) e iriam colocá-lo ‘para dormir’, pois pensaram que ele era surdo, cego e ninguém iria querer ele”, disse a enfermeira veterinária aposentada Tracey, de Hinckley, Leicestershire.

Quando descobriram que o animal não era surdo, três instituições de caridade de resgate o acolheram. Foi quando Tracey ouviu sobre sua história e decidiu que tinha que dá-lo uma chance. “Tínhamos duas opções com sua cegueira: ou encasulá-lo e mantê-lo seguro ou tentar dar-lhe uma vida plena conosco atuando como seus olhos.”

O cãozinho fez aulas de treinamento de filhotes, onde teve sucesso e conquistou o prêmio Bronze do Kennel Club Good Citizen Dog Scheme. O treinamento foi adaptado para atender a cegueira de Scout, com comandos para mantê-lo seguro.

Ao perceberem como as pessoas eram atraídas pela natureza gentil, Tracey o treinou para trabalhar com a Therapy Dogs Nationwide, uma instituição de caridade em que voluntários visitantes levam seus próprios cães a estabelecimentos para proporcionar conforto, distração e estimulação. “Ele frequenta regularmente a Saffron House Care Home (uma casa de repouso em Barwell) e é incrível ver o efeito que suas visitas têm sobre pacientes com demência”, disse Tracey.

“Ele tem o dom de saber o que as pessoas querem e é muito calmo e paciente. Tem uma senhora que gosta de dar um biscoitinho pra ele e aí ele só deita com ela. Você pode ver o que isso significa”, conta a enfermeira.

Scout também foi convidado para ser mascote no Whitestone Carers Community Café após o impacto positivo de suas visitas e ajudou a arrecadar fundos para o East Midlands Dog Rescue, a ONG que ajudou a salvá-lo. Após alguns problemas de saúde recente, ele está em um momento de “desacelerar”. “Estamos muito felizes por receber este prêmio. Ele está se aposentando e acho que esta é uma homenagem muito apropriada por tudo o que ele fez pelos outros”, comemora a tutora.