O traficante holandês Ridouan Taghi foi condenado à prisão perpétua nesta terça-feira (27) por uma série de assassinatos cometidos por sua gangue entre 2015 e 2017, em um dos maiores julgamentos já realizados nos Países Baixos.

Taghi, de 46 anos, é o suposto líder do grupo conhecido como “Mocro Maffia”, que atua em Amsterdã e é considerado um dos maiores distribuidores de cocaína do país.

“Condenamos todos os suspeitos. Ridouan Taghi foi condenado à prisão perpétua”, declarou um juiz de Amsterdã, que pediu para não ser identificado por razões de segurança.

Outras 16 pessoas foram condenadas a penas de prisão que variam de um ano e nove meses a perpétua.

Taghi foi preso em Dubai em 2019, mas embora esteja em uma prisão de segurança máxima, os promotores afirmam que continuou no comando do grupo.

Este julgamento, conhecido como “Marengo”, não tem precedentes no país.

As medidas de segurança foram extremas. Juízes e promotores, que pediram anonimato, compareceram ao tribunal em carros blindados.

Três pessoas do entorno da principal testemunha, Nabil B, foram assassinadas: seu irmão em 2018, seu advogado Derk Wiersum em 2019 e um conhecido jornalista, Peter R. de Vries, em 2021.

– “Máquina de matar” –

A polícia, fortemente armada, cercou o tribunal, apelidado “Bunker”.

Agentes armados com fuzis automáticos e usando máscaras para proteger sua identidade vigiavam o tribunal, enquanto drones e um helicóptero sobrevoavam a área.

Taghi e os outros 16 réus foram acusados por seis homicídios e quatro tentativas de homicídio, entre 2015 e 2017, principalmente de pessoas suspeitas de serem informantes da polícia.

A “Mocro Maffia” controla parte do comércio de cocaína na Europa através dos portos de Antuérpia e Roterdã. Seu nome se deve à origem marroquina de muitos dos seus membros e é conhecida por sua violência implacável.

Taghi nasceu em Marrocos, mas cresceu nos Países Baixos. A organização de Taghi foi descrita pelos promotores como uma “máquina de matar”.

Segundo a imprensa holandesa, a princesa herdeira da Holanda, Amalia, e o primeiro-ministro Mark Rutte foram mencionados em comunicações do crime organizado, o que suscitou temores de sequestro ou atentado. A princesa se viu obrigada a deixar sua rotina como estudante.

Os promotores afirmam que os membros da organização liderada por Taghi, muitas vezes muito jovens, “não têm respeito pela vida humana” e descrevem as vítimas como “cães” que devem “dormir”.

Ridouan Taghi sempre negou as acusações contra ele e nenhum dos suspeitos prestou declarações durante o julgamento.

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