Quando a paulista Verônica Hipólito conquistou seu primeiro campeonato mundial no atletismo, em Lyon, na França, com apenas 17 anos, ela já havia superado uma série de desafios. Aos 13 anos, teve que retirar um tumor na cabeça. Pouco depois, com 15, teve um AVC que paralisou todo o lado direito de seu corpo. O esporte fez parte de sua reabilitação. “Meus pais sempre acreditaram que esporte e educação andam juntos”, diz a atleta que se encontrou no judô, luta que abandonou depois de retirar o tumor. Ela não poderia se arriscar com impactos na região da cabeça. Passou a correr e em pouco tempo percebeu que poderia disputar competições de alto rendimento.

“Sempre quis inspirar coisas boas. E acho importante aproveitar cada oportunidade para mostrar o movimento paralímpico”

Após a vitória na França, quando ficou conhecida como Garota Prodígio, Verônica continuou colecionando medalhas. Foram três de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de 2015, em Toronto, Canadá, uma de prata e uma de bronze no Rio de Janeiro, em 2016. Antes de subir ao pódio olímpico, porém, ela venceu outros desafios: uma anemia, a retirada de 90% do intestino grosso e o retorno do tumor na cabeça. Nenhum desses obstáculos fez com que a atleta pensasse em desistir. Em vários momentos, contudo, Verônica ficou preocupada em não conseguir cumprir as metas que ela mesma estipulava. “Ninguém é forte o tempo todo.Mas sempre tive amigos e familiares que me ajudaram, me dizendo que desistir não combinava comigo”, afirma.

Verônica foi uma das principais porta-vozes da Paralimpíada do Rio. Apareceu em programas de televisão e se valeu do inegável carisma para fazer com que mais gente conhecesse as histórias de superação dos atletas. “Os jogos do Rio mostraram que os deficientes não devem ser excluídos da sociedade. Que o esporte salva vidas”. Ela encara seu papel de influenciadora a sério. “Sempre quis inspirar coisas boas. E acho importante aproveitar cada oportunidade para mostrar o movimento paralímpico. São atletas de alto rendimento conseguindo marcas cada vez melhores, superando até atletas olímpicos em alguns casos”.

Hoje, aos 21 anos, Verônica já estabeleceu seus próximos desafios. “Sempre vou competir com o objetivo de ser a melhor, de poder trazer uma medalha e orgulhar meu país”.