Segundo pesquisa da SignalFire, do final de 2020, há pelo menos 50 milhões de influenciadores no mundo inteiro, que acumulam um faturamento anual de US$ 100 bilhões por meio de plataformas como Instagram e YouTube. No Brasil, considerado o país dos influenciadores, eles são cerca de 500 mil, de acordo com o levantamento da Nielsen. Mas, só no final de fevereiro, a atividade do influenciador digital foi reconhecida como uma profissão, devidamente registrada na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Até esse momento chegar, muitos blogueiros enfrentaram o preconceito e o olhar torto de quem não considera criador de conteúdo uma ocupação a ser remunerada.

A influenciadora fitness Jaine Cassu deixou a roça no interior de São Paulo e hoje reúne mais de um milhão de seguidores interessados em seus conteúdos postados nas redes sociais. “As pessoas precisam se conscientizar de que influencer é uma profissão como todas as outras, e que se trabalha muito. É de uma responsabilidade enorme ser inspiração para os outros e fazer recomendações do que consumimos”, conta.

Para se tornar oficialmente uma blogueira, Jaine Cassu teve de mudar o mindset. “Vivemos em um mundo digital totalmente novo e desconhecido, principalmente pelos familiares, que não veem esse meio como uma profissão. Então, muitas vezes, para dar o start, é preciso seguir sua intuição e tapar os ouvidos para as opiniões”, revelou.

Até a virada de chave, Jaine Cassu viveu conflitos como o de qualquer pessoa que quer muito se encontrar na profissão certa. “Fui mandada embora nos meus últimos empregos, mesmo dando o melhor de mim. Entendi, com o tempo, que ali não era o meu lugar. Queria fazer algo que amasse, mas não sabia como e nem por onde começar. Só sabia que era a hora de arriscar”, recorda-se a blogueira.

Julgamentos e persistência

A jovem de 22 anos se lembra de ter passado por muitos julgamentos: “Quando comecei a gravar vídeos, ouvi pessoas dizerem que eu não iria ser nada na vida e que eu deveria encontrar um emprego para conquistar minhas coisas.”

Ela reconhece que a escolha pela carreira digital se torna mais difícil quando se tem outras obrigações diárias. “Tinha de trabalhar 8 horas por dia em outro ramo. Conciliar e conseguir realizar a migração de profissão foi algo extremamente difícil já que, no início, fiquei 7 meses sem nenhum faturamento”, conta.

Até entender como funcionava a monetização das plataformas, Jaine Cassu buscou informação na própria Internet. “Procurei muita orientação com outros influencers que encontrei no meio do caminho. Fui criticada por familiares e amigos, e até hoje muitos ainda me perguntam com o que eu trabalho”.

Jaine Cassu dá um conselho aos iniciantes: “Há um preço a ser pago e só entende quem já está inserido na área. Então, eu recomendo que você comece a aprender por conta própria, mesmo errando, mesmo cometendo falhas, isso faz parte. Os desafios são gigantes, mas a sensação de liberdade de criar algo é indescritível”, conclui.