O presidente da Fifa, Gianni Infantino, confirmou nesta quinta-feira que Vinicius Júnior vai fazer parte da força-tarefa a ser criada pela entidade para combater o racismo no futebol mundial. O atacante da seleção brasileira e do Real Madrid prometeu usar sua “voz” para seguir enfrentando a discriminação.

“Nós vamos fortalecer nosso engajamento com os jogadores neste assunto crucial (racismo). E estou feliz que Vinicius tenha aceitado fazer parte da nossa força-tarefa, que vai incluir outros jogadores importantes e vai elaborar medidas concretas e eficientes para acabar com o racismo no futebol de uma vez por todas”, disse Infantino.

O mandatário da Fifa fez o anúncio horas após visitar a seleção brasileira em Barcelona, onde a equipe está concentrada para os amistosos desta Data Fifa. Infantino chegou a ter uma conversa com o jogador brasileiro e com o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, sobre o racismo.

“Era necessário ter alguém para seguir firme e cada vez mais diminuir (o racismo). E eu quero seguir por todos os jovens e todas as pessoas que sofrem e não têm a mesma voz que eu tenho”, disse o jogador, em breve pronunciamento nesta quinta.

“Uma vez dei entrevista falando que queria que todos os brasileiros torcessem por mim, acho que estou cada vez mais perto disso. Vejo todos na internet me desejando sorte no futebol e fora, pessoas de outros meios que não me acompanhavam e começaram a me acompanhar. Fico feliz disso e cada vez mais vou seguir firme por aqueles que não têm oportunidade de lutar”, disse o atacante.

Vini Jr. se tornou símbolo da luta contra o racismo no futebol por enfrentar os seguidos ataques racistas que vêm sofrendo nos últimos meses na Espanha. No fim de maio, houve o caso mais rumoroso. Ele foi ofendido por milhares de torcedores do Valencia no estádio Mestalla, em partida do Real no Campeonato Espanhol. E acabou expulso de campo após se desentender com um jogador do time da casa, que não foi excluído de campo.

O caso ganhou ainda mais repercussão após o brasileiro discutir com o presidente da LaLiga (entidade que organiza o Espanhol), Javier Tebas, pelas redes sociais. O dirigente ampliou a polêmica ao recriminar Vini Jr. por suas reclamações diante da falta de ação da LaLiga em casos de discriminação.

O episódio gerou até um princípio de crise diplomática entre Brasil e Espanha. Na reunião do G20, na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa do jogador publicamente. Na sequência, o presidente da Real Federação de Futebol da Espanha, Luis Rubiales, criticou Tebas e defendeu o atacante brasileiro.

Depois chegou a um acordo com a CBF para organizar um amistoso entre Brasil e Espanha, em março de 2024, para ajudar no combate ao racismo. O jogo será disputado no estádio Santiago Bernabéu, do próprio Real Madrid.

“Venho aqui agradecer a todos que estiveram comigo desde o episódio que aconteceu no último jogo contra o Valencia, o presidente (Ednaldo Rodrigues), junto com a CBF, o (presidente da Fifa, Gianni) Infantino, que esteve hoje junto com a gente, sempre dando a maior força. Todos os clubes do Brasil, as pessoas do Brasil e do mundo inteiro que estão comigo me dando força para eu seguir nessa batalha”, disse Vinicius, nesta quinta.

“Sempre trabalhei calado, hoje tenho a força para lutar por um assunto muito importante. Quero agradecer a todos vocês e vamos seguir juntos até o final.”

SINDICATO

A iniciativa de Infantino coincide com discussões públicas envolvendo jogadores do primeiro escalão da Europa para formar uma espécie de sindicato para brigar pelos direitos dos atletas. Um dos que falou publicamente sobre o assunto foi o belga Romelu Lukaku, outro jogador que é alvo constante de atos racistas.

“Acho que a ideia do sindicato vai começar (a sair do papel). A ideia é que os principais jogadores se reúnam e conversem diretamente com a Uefa e a Fifa”, disse Lukaku, à CNN espanhola, antes de mostrar indignação com o tema. “É realmente decepcionante que isso esteja acontecendo porque estamos em 2023, o mundo tem culturas diferentes, religiões diferentes, pessoas de cores diferentes e ainda cometemos os mesmos erros o tempo todo.”

Infantino não revelou o nome de outros jogadores que fariam parte da força-tarefa a ser criada pela Fifa.