12/10/2017 - 18:00
O enredo do romance “Origem”, de Dan Brown, lançado pela editora Arqueiro, segue o padrão que consagrou o americano Dan Brown, de 53 anos, autor de oito romances, entre eles os suspenses “Anjos e Demônios” (2000) e “O Código Da Vinci” (2003). Seu esquema gira em torno de elementos repetitivos: o herói, Robert Langdon, professor de simbologia da universidade Harvard, envolve-se na decifração de mistérios e na perseguição de de seitas que põem em risco a humanidade. Apesar de intelectual respeitável, Langdon gosta de se meter em encrencas, sempre na companhia de uma mulher inteligente e deslumbrante. Brown reprisa sem parar essa trama, para prazer dos leitores. É considerado o fundador do gênero “smart thriler”, ou suspense inteligente.
Ele segue a bula em “Origem”. O futurólogo Edmond Kirsh convida um grupo de celebridades para um evento no Museu Guggenheim Bilbao. Ele promete anunciar, em grande estilo, um segredo que “não irá abalar as religiões, e sim destruí-las”. Faz questão de que seu professor, Robert Langdon, compareça à apresentação. No palco, ao lado de Kirsch, posta-se a bela diretora do museu, Ambra Vidal, noiva do príncipe Julián, herdeiro do trono da Espanha. No ápice do PowerPoint espetacular, que inclui projeções em 4D e efeitos visuais, Kirsh é atingido na testa por um tiro e cai morto. Que segredo Kirsch iria revelar? Langdon mal pode formular a pergunta quando começa a ser perseguido. Aconselhado por Winston, aplicativo de inteligência artificial criado por Kirsch, ele e Ambra fogem rumo a Barcelona. Lá, o casal visita a catedral da Sagrada Família, de Gaudí, cuja construção conjuga arte, misticismo e ciência e, segundo Winston, oculta o segredo quer iria ser anunciado por Kirsh.
Dicas de escrita
Baseado na mesma fórmula, Dan Brown vendeu mundialmente 200 milhões de exemplares de romances que geraram filmes de sucesso. Isso o tornou um dos maiores best-sellers de todos os tempos. Perde apenas para J.K. Rowling, que conta
com 400 milhões de cópias vendidas da saga de Harry Potter. Brown diz que aprendeu a receita em um manual: “Como Escrever um Romance de Sucesso” (1996), de Albert Zuckerman, agente literário de Ken Follett. Sua dica mais famosa é a de que o autor deve escrever de forma concisa e criar uma trama com uma grande causa e um protagonista marcante.
Com o tempo, porém, a prática levou Brown a adicionar lições, hoje observadas por Zuckerman e Follett. Uma delas é que
a “grande causa” deve causar polêmica no mundo real. Assim, fez barulho ao lançar “O Código Da Vinci”. A Igreja Católica protestou contra o argumento do romance, segundo o qual o catolicismo ocultou a mulher na construção de seus rituais. Como resultado, Brown fez ainda mais sucesso e foi encorajado a explorar temas intrigantes.
Ex-músico pop e filho de um professor de matemática e de uma dona de casa cristã, Daniel Gerhard Brown escreve desde os 5 anos, mas só publicou o primeiro livro aos 35. Mora em um sítio em New Hampshire com a mulher, a artista plástica Blythe Brown. Cercado de reproduções de telas de Da Vinci e lembranças dos filmes que inspirou, acorda às 4 da manhã para escrever. De hora em hora, seu computador desliga por alguns minutos. É quando Brown faz flexões e polichinelos.
Ao meio-dia, para de escrever. “Isso é uma loucura, porque o livro fica me atormentando o resto do dia”, disse ao “New York Times”.
Brown define seus livros como “o tipo de ficção que eu leria se lesse ficção”. Isso porque gosta de ler biografias e ensaios, e acha que romances precisam também trazer informações históricas e científicas. “Um bom suspense precisa me ensinar algo sobre o mundo real”, diz. “Um grande thriller também deve suscitar um debate ou um dilema moral.” Com truques simples, Brown sabe atrair o leitor e fazer fortuna.