A infalível reprise de Dan Brown...
Dan Brown, de 53 anos, vendeu 200 milhões de exemplares desde sua estreia em 1998 (Crédito:JERRY LAMPEN)

O enredo do romance “Origem”, de Dan Brown, lançado pela editora Arqueiro, segue o padrão que consagrou o americano Dan Brown, de 53 anos, autor de oito romances, entre eles os suspenses “Anjos e Demônios” (2000) e “O Código Da Vinci” (2003). Seu esquema gira em torno de elementos repetitivos: o herói, Robert Langdon, professor de simbologia da universidade Harvard, envolve-se na decifração de mistérios e na perseguição de de seitas que põem em risco a humanidade. Apesar de intelectual respeitável, Langdon gosta de se meter em encrencas, sempre na companhia de uma mulher inteligente e deslumbrante. Brown reprisa sem parar essa trama, para prazer dos leitores. É considerado o fundador do gênero “smart thriler”, ou suspense inteligente.

Ele segue a bula em “Origem”. O futurólogo Edmond Kirsh convida um grupo de celebridades para um evento no Museu Guggenheim Bilbao. Ele promete anunciar, em grande estilo, um segredo que “não irá abalar as religiões, e sim destruí-las”. Faz questão de que seu professor, Robert Langdon, compareça à apresentação. No palco, ao lado de Kirsch, posta-se a bela diretora do museu, Ambra Vidal, noiva do príncipe Julián, herdeiro do trono da Espanha. No ápice do PowerPoint espetacular, que inclui projeções em 4D e efeitos visuais, Kirsh é atingido na testa por um tiro e cai morto. Que segredo Kirsch iria revelar? Langdon mal pode formular a pergunta quando começa a ser perseguido. Aconselhado por Winston, aplicativo de inteligência artificial criado por Kirsch, ele e Ambra fogem rumo a Barcelona. Lá, o casal visita a catedral da Sagrada Família, de Gaudí, cuja construção conjuga arte, misticismo e ciência e, segundo Winston, oculta o segredo quer iria ser anunciado por Kirsh.

A infalível reprise de Dan Brown...
“Um grande thriller precisa suscitar um debate ou um dilema moral” Dan Brown, escritor

Dicas de escrita

Baseado na mesma fórmula, Dan Brown vendeu mundialmente 200 milhões de exemplares de romances que geraram filmes de sucesso. Isso o tornou um dos maiores best-sellers de todos os tempos. Perde apenas para J.K. Rowling, que conta
com 400 milhões de cópias vendidas da saga de Harry Potter. Brown diz que aprendeu a receita em um manual: “Como Escrever um Romance de Sucesso” (1996), de Albert Zuckerman, agente literário de Ken Follett. Sua dica mais famosa é a de que o autor deve escrever de forma concisa e criar uma trama com uma grande causa e um protagonista marcante.

Com o tempo, porém, a prática levou Brown a adicionar lições, hoje observadas por Zuckerman e Follett. Uma delas é que
a “grande causa” deve causar polêmica no mundo real. Assim, fez barulho ao lançar “O Código Da Vinci”. A Igreja Católica protestou contra o argumento do romance, segundo o qual o catolicismo ocultou a mulher na construção de seus rituais. Como resultado, Brown fez ainda mais sucesso e foi encorajado a explorar temas intrigantes.

Ex-músico pop e filho de um professor de matemática e de uma dona de casa cristã, Daniel Gerhard Brown escreve desde os 5 anos, mas só publicou o primeiro livro aos 35. Mora em um sítio em New Hampshire com a mulher, a artista plástica Blythe Brown. Cercado de reproduções de telas de Da Vinci e lembranças dos filmes que inspirou, acorda às 4 da manhã para escrever. De hora em hora, seu computador desliga por alguns minutos. É quando Brown faz flexões e polichinelos.

Ao meio-dia, para de escrever. “Isso é uma loucura, porque o livro fica me atormentando o resto do dia”, disse ao “New York Times”.

Brown define seus livros como “o tipo de ficção que eu leria se lesse ficção”. Isso porque gosta de ler biografias e ensaios, e acha que romances precisam também trazer informações históricas e científicas. “Um bom suspense precisa me ensinar algo sobre o mundo real”, diz. “Um grande thriller também deve suscitar um debate ou um dilema moral.” Com truques simples, Brown sabe atrair o leitor e fazer fortuna.

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