O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, fez uma brincadeira durante depoimento prestado nesta terça-feira, 10, e chamou o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para ser seu vice nas eleições presidenciais em 2026. A proposta foi rejeitada pelo magistrado, que riu da situação. Bolsonaro está sendo ouvido no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de estado.
Durante uma fala, o ex-presidente comentava sobre visitas a municípios e disse a Moraes que, se ele permitisse, poderia enviar imagens de como é recebido pela população nas cidades por onde passa. O ministro do STF rejeitou o pedido e Bolsonaro o questionou se poderia “fazer uma brincadeira”.
“Eu perguntaria aos seus advogados antes”, ironizou Moraes. “Gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026”, afirmou Bolsonaro. A proposta de integrar uma chapa com o ex-presidente foi prontamente rejeitada pelo ministro do STF.
Confira vídeo:
Jair Bolsonaro simplesmente convidou Xandão pra ser seu vice.
Alexandre declinou o convite.
(Provavelmente, Bolsonaro ficou sabendo das decisões do STF em matéria trabalhista e achou que estão no mesmo lado) pic.twitter.com/PDC2r4RlNF
— Jéferfon Menezes (@JefinhoMenes) June 10, 2025
Posteriormente, Bolsonaro afirmou que não se faz um golpe com “meia dúzia” de pessoas. “A questão de 64, que a esquerda chama de golpe até hoje. Teve apoio do Congresso Nacional, de toda imprensa, da Igreja Católica, das senhoras nas ruas, a classe empresarial, o pessoal do agro, o apoio externo. Tudo isso foi presente”, concluiu.
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Pedido de desculpas
Minutos antes, o ex-presidente se desculpou por fazer uma denúncia contra ministros do STF sem indícios durante uma reunião ministerial realizada em 2022. Bolsonaro havia acusado magistrados do Supremo de terem “levado milhões de dólares” nas eleições.
Moraes citou durante a oitiva que Bolsonaro acusou ele e os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso de receberem quantias milionárias em uma reunião ministerial. “Algo esquisito está acontecendo”, disse o ex-presidente na ocasião. “Quais eram os indícios que o senhor tinha que nós estaríamos levando 30 milhões, 50 milhões de dólares?”, questionou o ministro do STF.
“Não tem indício nenhum, senhor ministro, tanto é que era uma reunião para não ser gravada. Um desabafo, uma retórica que eu usei. Se fosse outros três ocupando teria falado a mesma coisa. Então, me desculpem, não tinha essa intenção de acusar de qualquer desvio de conduta dos senhores três”, pontuou Bolsonaro.
Confira vídeo:
Bolsonaro pedindo desculpas ao Xandão por ter lançado uma fake news contra ele
O EX PRESIDENTE MAIS PATÉTICO DA HISTÓRIA DO BRASIL
— ؘthiago (@celebrsties) June 10, 2025
Quem já foi ouvido no STF
+ O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, afirmou que o antigo chefe recebeu e editou o documento que descrevia o planejamento da ruptura institucional.
+ O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no período da trama, disse não ter como provar fraude nas eleições de 2022, apesar de ter relatado ao ex-presidente que havia irregularidades nas urnas, conforme mensagens obtidas pelos policiais.
+ O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, negou ter colocado suas tropas à disposição do plano golpista, ao contrário do que relataram seus colegas de Alto Comando.
+ O ex-ministro Anderson Torres, que chefiou a Segurança Pública sob Bolsonaro, disse que um documento com o plano de ruptura foi parar na sua residência por uma “fatalidade” e era “muito mal escrito”.
+ O general da reserva do Exército Augusto Heleno decidiu exercer o direito ao silêncio e não responder às perguntas feitas pelo ministro Alexandre de Moraes em interrogatório no STF (Supremo Tribunal Federal).
Quem ainda será ouvido
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil
Todos os oito réus integram o “núcleo 1” da trama golpista, considerado responsável pelas principais ações para concretizar a ruptura institucional. Eles respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Em caso de condenação, as penas passam de 43 anos de prisão.
O interrogatório é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do grupo aconteça no segundo semestre de 2025.