A alta de 0,4% na produção industrial em agosto ante julho foi o melhor desempenho para este período do ano desde 2020, quando houve expansão de 3,3%. Houve crescimento em 18 dos 25 ramos industriais pesquisados, a maior disseminação de resultados positivos desde maio.

No entanto, o setor industrial está apenas 0,1% acima do patamar de dezembro de 2022, oscilando entre altos e baixos, sem conseguir recuperar a trajetória de crescimento, avaliou André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Esse é o maior espalhamento desde maio deste ano, quando naquela ocasião 19 ramos tinham mostrado expansão na produção”, apontou Macedo. “O fator positivo (de agosto) é o espalhamento do crescimento entre atividades.”

Por outro lado, Macedo lembra que a indústria praticamente repete o patamar em que vinha operando ao final do ano passado, após a alta na produção em agosto mal repor a perda de julho.

“Passados oito meses do ano de 2023, a gente está somente 0,1% acima daquele patamar (dezembro/2022)”, frisa ele. “O setor industrial vem rondando no mesmo patamar nos últimos meses.”

A indústria brasileira chegou a agosto operando 1,8% aquém do patamar de fevereiro de 2020: apenas oito das 25 atividades investigadas estão operando em nível superior ao pré-crise sanitária. A produção industrial brasileira ainda rodava 18,3% aquém do pico alcançado em maio de 2011.

“Claro que (a alta em agosto) é uma sinalização melhor do que a gente vinha tendo nos últimos meses, mas, observando o retrato da indústria no ano, o setor industrial está muito longe de recuperar a trajetória ascendente vista no passado”, avaliou Macedo.

O gerente do IBGE lembra que o crédito mais caro e restrito, a taxa de inadimplência e o patamar elevado da taxa de juros são fatores importantes no contexto conjuntural enfrentado pelo setor industrial. “A despeito de observarmos um relaxamento da política monetária, com redução da taxa Selic nas últimas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), ainda permanece o patamar elevado da taxa de juros. O efeito na economia se dá de forma mais defasada”, lembrou.