A indústria brasileira não registrava dois meses seguidos de avanço na produção desde o bimestre de julho e agosto de 2014, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal divulgada nesta quinta-feira, 2, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da alta acumulada em março (+0,1%) e abril (+1,4%) deste ano, sempre na comparação com o mês anterior, a produção industrial ainda está 20,3% abaixo do pico registrado em junho de 2013.

Segundo André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, os estoques em patamares menores, a melhora da confiança dos empresários e a base de comparação muito baixa, após uma sequência de quedas anteriores, ajudam o desempenho da indústria na margem.

“Quando a gente compara com o passado recente, claro que há maior presença de resultados positivos na margem da série, e dá impressão de alguma melhora. Embora permaneça com saldo negativo, dá uma sensação melhor do que a gente vinha observando no final de 2015”, disse Macedo.

O pesquisador chama atenção que ainda há predomínio de atividades em queda: entre as 24 atividades pesquisadas, 13 mostram resultados negativos em abril ante março.

“Embora seja o segundo resultado positivo na margem, o saldo ainda é negativo no setor industrial, porque a queda observada em fevereiro é muito superior aos três meses em que houve expansão”, explicou Macedo. Em fevereiro, o recuo na produção foi de 2,9%. Em janeiro, a alta ficou em 0,4%. O saldo do ano ficou negativo em 1,1%.

“Mesmo com esse segundo avanço seguido (na produção), isso não garante mudança na trajetória, alteração do comportamento de queda. Em nada reverte trajetória negativa do setor industrial. As comparações com 2015 permanecem negativas”, avaliou Macedo.