São Paulo, 21 – A indústria moageira prevê que os preços do trigo deverão seguir firmes mesmo após a entrada da safra nacional, a partir do fim deste mês. Fatores como a quebra de safra na Rússia e na China, a valorização do dólar e o possível recuo na produção brasileira devem dar suporte às cotações. O Brasil importa cerca de 50% do volume de trigo processado pelos moinhos.

“A colheita está atrasada e os preços são balizados pelo mercado internacional. O produtor tem informação sobre os valores que estão sendo praticados lá fora e não vejo redução de custos para os moinhos no curto prazo”, disse o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), Christian Saigh. O executivo lembrou que o dólar – que hoje ultrapassou os R$ 4, o que não era visto desde março de 2016 – encarece a importação.

O vice-presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), João Carlos Veríssimo, não vê queda na dependência brasileira do produto importado e a Argentina deve seguir como principal fornecedor para a indústria do Brasil. “Os argentinos devem produzir de 18 milhões a 20 milhões de toneladas de trigo; compramos o produto deles a preços mais altos do que quando produziam 15 milhões de toneladas. Eles estão mais competitivos diante da quebra na safra global”, acrescenta Saigh.

A possibilidade de a Rússia limitar as exportações para assegurar oferta interna e de a China reforçar as compras para contornar a menor produção de trigo influenciam os contratos futuros do cereal na Bolsa de Chicago. Segundo Veríssimo, a depender do interesse chinês por trigo no mercado global as cotações vão refletir o movimento, o que deve afetar os preços no Brasil.


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