A indústria automotiva europeia alertou nesta segunda-feira (23) para os efeitos catastróficos de um Brexit sem acordo, avaliando que um divórcio abrupto com o Reino Unido representaria um “terremoto” para a fabricação de veículos no bloco.

“A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem um acordo causaria um terremoto para as condições comerciais”, avalia a Associação Europeia de Fabricantes de Veículos (ACEA), fornecedores (CLEPA) e outras 21 nacionais.

As organizações explicaram em uma declaração conjunta que um Brexit sem acordo implicaria em “bilhões de euros em impostos”, algo que afetaria “a escolha dos consumidores de ambos os lados do Canal da Mancha”.

“O Brexit não é apenas um problema britânico. Afeta todos nós na indústria automobilística europeia e além”, afirmou Christian Peugeot, presidente do Comitê de Fabricantes Franceses de Automóveis (CCFA), citado no comunicado.

As associações alertaram que uma retirada caótica do Reino Unido produziria um revés “difícil” às cadeias de suprimentos “just in time” que se estendem para além das fronteiras internacionais.

“As indústrias automotivas da UE e do Reino Unido necessitam de um comércio fluido e seriam gravemente penalizadas por impostos e taxas administrativas sobre veículos e peças de reposição”, disse Bernhard Mattes.

O presidente da Associação da Indústria Alemã (VDA) defendeu, ainda, que Londres e UE adotem “todas as medidas necessárias para evitar um Brexit sem acordo”.

Um porta-voz do ministério de Estratégia Industrial britânico assegurou que seu objetivo é deixar a UE em 31 de outubro. “De preferência com um novo acordo que resulte em benefício para nossas empresas e nossos cidadãos”, acrescentou.

O governo britânico previu 108 milhões de libras esterlinas “para apoiar a preparação das empresas” para o Brexit, explicou.

As associações de construtoras europeias avaliam, por sua parte, em cerca de 5.700 milhões de euros os custos excedentes associados a tarifas adicionais em caso de divórcio sem acordo.