Nos últimos anos, o cenário da manufatura tem passado por uma verdadeira revolução impulsionada pela Indústria 4.0, que traz consigo uma gama de tecnologias inovadoras como Internet das Coisas (IoT), análise de dados e sistemas de controle avançados. A busca pela melhoria da Eficiência Global dos Equipamentos (OEE) é um dos principais impulsionadores dessa transformação. O OEE é uma métrica amplamente utilizada na indústria para avaliar a eficiência de máquinas e processos de produção, medindo a utilização real dos recursos disponíveis em relação ao seu potencial máximo.

Para pequenas empresas de usinagem, adotar novas abordagens pode ser crucial para garantir a relevância e competitividade no mercado, e o OEE desempenha um papel fundamental nesse processo. Para melhorar a eficiência e a produtividade, é necessário avaliar e otimizar o OEE, identificando as principais áreas de perda de desempenho e implementando medidas corretivas.

Um dos principais desafios apontados pelos gestores é encontrar mão de obra capacitada para programar e operar os centros de usinagem, por isso investir em educação técnica de qualidade e programas de treinamento é essencial. Além disso, a coleta de dados e o monitoramento em tempo real, integrados aos sistemas MES (Manufacturing Execution Systems), permitem uma análise mais precisa do desempenho da máquina e a identificação de oportunidades de melhoria.

A utilização de células automatizadas, por exemplo, pode ajudar a mitigar essa escassez de mão de obra qualificada. No entanto, a automação eficaz requer a otimização de cada etapa do processo de usinagem. Para minimizar tempos de inatividade e maximizar a utilização de recursos, estão disponíveis tecnologias nem sempre bem exploradas.

Trocadores de pallet permitem troca de peças simultaneamente com a operação da máquina. Com sistemas de fixação padronizados e sistemas zero point o setup pode ser realizado em outra estação de forma precisa, minimizando os tempos de parada entre diferentes trabalhos e aumentando a disponibilidade da máquina. A utilização de centros de usinagem de 5 eixos também reduz os tempos de ciclo, uma vez que elimina algumas etapas de setup e possibilita a produção contínua, aumentando a capacidade e reduzindo custos por peça. Em uma produção não seriada, onde temos lotes pequenos de diferentes produtos, essas vantagens ficam ainda mais acentuadas.

Segundo Luis Eduardo Albano, vice-presidente da Abinfer (Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais), “medir a eficiência é crucial para alcançar melhorias contínuas. A utilização de sistemas MES fornece insights em tempo real sobre a produção, permitindo tomadas de decisão embasadas — o que não é medido não pode ser controlado.” A mensuração do OEE se encaixa perfeitamente nesse contexto, permitindo um controle preciso sobre a eficiência da produção e orientando as decisões para melhorias contínuas, além de tornar mais direto o cálculo do retorno do investimento em uma nova tecnologia.

No entanto, no cenário nacional, muitas pequenas empresas de usinagem enfrentam desafios para se manterem alinhadas com as tendências globais. Provedores de soluções devem desempenhar um papel ativo educando o mercado, demonstrando para os tomadores de decisão os benefícios reais da adoção das novas tecnologias e seu retorno sobre o investimento, além de facilitar a adoção inicial da tecnologia para que seu valor seja percebido.

Por sua vez, os empresários devem perceber como é fundamental manterem-se atualizados participando de treinamentos, visitas, workshops e feiras comerciais nacionais e internacionais, enxergando isso como um investimento. Essa imersão é fundamental para entender o estado da arte da manufatura e explorar as oportunidades de melhoria do OEE e da competitividade. Além disso, devemos criar uma cultura mais participativa e de colaboração entre as empresas, trazendo a noção de que pertencer a um mercado qualificado é benéfico para todos.

Programas de incentivo setoriais podem ajudar em um primeiro momento, aumentando o grau de nacionalização, mas seu foco deve ser sempre o aumento da produtividade. A sobrevivência da indústria depende da sua competitividade em um mercado aberto e de larga escala.

Em um cenário global em constante evolução, “a única constante é a mudança”, e é através da adaptação e da busca por inovação que as empresas podem prosperar no cenário industrial moderno.