A Indonésia aprovou uma nova legislação nesta sexta-feira que aumenta o poder da polícia para atuar contra os suspeitos de terrorismo, após a mais violenta onda de atentado jihadistas registrada no país em vários anos.

A lei permaneceu bloqueada no Parlamento por quase dois anos, por divergências sobre alguns detalhes, como a definição de “terrorismo”, mas os atentados suicidas que sacudiram o país este mês aumentaram a pressão sobre os deputados para a aprovação do texto.

A partir de agora, a polícia poderá manter os suspeitos de terrorismo em prisão provisória por até 21 dias, contra uma semana na lei anterior, e também poderão acusar suspeitos por recrutamento ou alistamento em organizações “terroristas”, dentro ou fora do país.

Ativistas dos direitos humanos manifestaram preocupação porque a redação imprecisa do texto pode abrir a porta para a repressão de qualquer grupo considerado como uma ameaça.

Treze pessoas morreram em maio em atentados suicidas contra igrejas e uma delegacia, ataques cometidos por duas famílias – incluindo duas meninas de 9 e 12 anos – na segunda maior cidade da Indonésia, Surabaya.

As famílias tinham vínculos com uma rede extremista local vinculada ao grupo Estado Islâmico (EI), que reivindicou os atentados.

A Indonésia – que dentro de três meses deve receber os Jogos Asiáticos e uma reunião do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial em Bali em outubro – enfrenta os extremistas há muito tempo.

O atentado mais grave no país aconteceu em 2002, quando várias bombas mataram mais de 200 pessoas em Bali, entre moradores e turistas estrangeiros.

Desde então, a polícia alegava que precisava de leis antiterroristas mais rígidas para atuar contra os insurgentes no país. Após os atentados de Surabaya, o presidente Joko Widodo ameaçou assinar um decreto de emergência, caso o Parlamento não aprovasse a nova lei.