Um bombardeio israelense contra um comboio de ambulâncias perto do maior hospital de Gaza que, segundo o movimento islamita palestino Hamas, deixou 15 mortos e 60 feridos, despertou condenações e preocupação com a segurança dos profissionais de saúde em território palestino.

Israel reconheceu o ato e garantiu que a ambulância era usada “por uma célula terrorista do Hamas”, que o desmentiu e disse que o veículo transportava feridos para o Egito”.

“Estou horrorizado com o ataque reportado em Gaza a um comboio de ambulâncias do lado de fora do hospital Al Shifa”, disse em nota o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O Crescente Vermelho palestino disse que “o comboio reunia cinco ambulâncias”, entre elas, uma do Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas e outra da própria ONG.

Segundo a organização, o bombardeio ocorreu a dois metros da entrada do hospital. Uma segunda ambulância foi atacada “a cerca de um quilômetro do hospital”, deixando vários feridos.

– “Totalmente comovido” –

O ataque aconteceu em frente ao hospital Al-Shifa de Gaza, onde milhares de deslocados se refugiaram dos bombardeios israelenses após o início da guerra, em 7 de outubro.

Um repórter da AFP viu diversos corpos e várias pessoas feridas ao lado de uma ambulância, que foi atingida por esse bombardeio nas imediações do hospital Al Shifa.

Imagens de AFPTV mostram civis carregando feridos ensanguentados. Outras pessoas estão estiradas no chão, e tudo indica que foram lançadas contra os carros estacionados de um lado da estrada devido à onda de choque provocada pelo bombardeio.

Um alto funcionário da Casa Branca indicou na sexta-feira que o Hamas tentou usar o acordo para abrir a passagem de fronteira de Rafah para tirar os seus combatentes de Gaza.

O funcionário disse que um terço dos nomes na lista de palestinos a serem evacuados, fornecida pelo Hamas, eram membros do movimento islamita.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse à AFP que foi informado de um comboio de feridos que seria transferido em direção a Rafah, mas que não participariam nesta operação.

“Esteja o CICV presente ou não, este é um comboio médico e de infraestruturas de saúde; portanto, o transporte de pacientes e profissionais de saúde possui proteção específica sob o direito internacional humanitário”, disse à AFP uma porta-voz do CICV, Aylona Synenko.

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, escreveu na rede social X que estava “totalmente comovido com os relatos de ataques a ambulâncias que evacuavam pacientes perto do hospital Al-Shifa de Gaza”.

“Insistimos: os pacientes, o pessoal de saúde, as instalações e as ambulâncias devem ser protegidas a todo momento. Sempre”, acrescentou.

A coordenadora de Assuntos Humanitários da ONU para os territórios palestinos, Lynn Hastings, declarou-se “alarmada” por uma operação dirigida contra “pacientes que estavam sendo evacuados” para lugares seguros.

A guerra entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro, quando células islamistas mataram mais de 1.400 pessoas, a maioria civis, no sul do território israelense, e levaram mais 240 como reféns para Gaza, segundo os informes israelenses.

Os bombardeios de represália lançados desde então por Israel, reforçados com operações terrestres que começaram há uma semana, mataram mais de 9.200 pessoas em Gaza, entre elas mais de 3.800 crianças, segundo o Hamas, que governa o território palestino de 362 km² e 2,4 milhões de habitantes desde 2007.

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