Indígenas da etnia Guarani Mbya ocuparam um terreno na Zona Norte da capital paulista, na última quinta-feira (30). O motivo foi a derrubada de aproximadamente 600 árvores em área próxima a aldeia, de acordo com matéria do jornal Folha de S. Paulo.

O local desmatado pertence a construtora Tenda, que pretende construir um empreendimento no lugar. A ocupação pacífica foi decidida pelos indígenas para realizar um cerimônia fúnebre em homenagem à flora atingida.

“Assim que o sol se puser, os índios irão se reunir para entoar um canto de dor e lamento no local. Também vamos permanecer aqui até que os órgãos competentes se manifestem sobre o motivo de passarem por cima da comunidade”, afirma a índia Tamikuã Txihi, de 24 anos.

A reclamação dos índios é baseada na falta de consulta para a derrubada das árvores, segundo eles. Aleandro da Silva, representante do Cimi (COnselho Indígenista Missionário), afirma que, a Tenda teria autorização para desmatar o terreno. Entretanto, a assessoria jurídica do órgão explicou que algumas etapas não foram cumpridas.

“O resultado da derrubada”, relatam os índios, já pode ser sentido. “Encontramos ninhos com pássaros mortos e isso afeta diretamente a presença das abelhas uruçu amarelas que são muito sagradas para nosso povo”, diz Tamikuã. “Estão fazendo cinza e brasa da Mãe Terra”.

“O protesto é também contra esse governo, Bolsonaro e Moro, e a forma como a questão indígena é tratada”, diz Silva.

Construtora

Em nota, a construtora Tenda se pronunciou sobre o caso:

“A Construtora Tenda reafirma seu respeito à comunidade local e ressalta que todos os procedimentos necessários foram adotados para a legalização do empreendimento, com a aprovação dos órgãos competentes, incluindo a supressão de 528 árvores, o replantio de outras 549 no local e a doação de 1.099 mudas para o município. A companhia ressalta ainda que, conforme o Plano Diretor do município de São Paulo, a área em questão tem destinação exclusiva para a moradia da população de baixa renda, que é o objetivo da construção. A Tenda reforça que está à disposição das autoridades e da sociedade civil para qualquer esclarecimento.”