Pelo oitavo dia, indígenas, estudantes e trabalhadores do Equador protestaram hoje (10) contra o decreto 883, assinado pelo presidente Lenín Moreno, que eliminou subsídios aos combustíveis.

Apesar de muitos indígenas já terem deixado Quito após a mobilização de ontem, o presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Jaime Vargas, afirmou que as manifestações seguirão até que o governo revise o pacote de medidas econômicas que implementou no âmbito do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Protesto contra as medidas de austeridade do presidente do Equador, Lenin Moreno, em Quito

Equatorianos protestaram contra medidas de austeridade do presidente Lenín Moreno     (Santiago Arcos)

Havia a expectativa de que os milhares de indígenas que marcharam ontem em Quito voltassem a suas terras hoje. No entanto, Vargas disse que as marchas e protestos seguirão em Quito por tempo indeterminado.

Ontem, Moreno anunciou que voltou a Quito para dialogar com os manifestantes. Ele estava na cidade costeira de Guayaquil, centro econômico do país, para onde a sede do governo foi transferida após violentos protestos e invasões de prédios, como o da Assembleia Nacional.

A mudança da sede do governo, decretada por Moreno em 3 de outubro, tem respaldo durante a vigência do estado de exceção, que durará 30 dias.

“Vim para a cidade de Quito com a finalidade de estender minha mão e poder manifestar que já temos bons resultados em relação ao diálogo com os irmãos indígenas”, disse o presidente do Equador. Os contatos, de acordo com declarações do secretário da Presidência, José Briones, estão sendo intermediados pelas Nações Unidas e pela Igreja Católica.

Ministros são responsabilizados

No entanto, Jaime Vargas, presidente do Conaie, negou que haja diálogo com o governo. Em nota publicada no site da organização, ele exigiu a liberdade de centenas de pessoas detidas nos protestos e responsabilizou os ministros María Paula Romo, de Governo, e Oswaldo Jarrín, da Defesa, pela violência por parte do Exército e da Polícia Nacional.

“Pedimos que as Nações Unidas convoquem o presidente e que a repressão pare; além disso, pedimos a liberdade dos companheiros que foram presos. Nos disseram que havia a possibilidade de dialogar e nós dissemos que não”, afirmou.

De acordo com a imprensa equatoriana, mais de quinhentas pessoas foram detidas nos últimos dias. As manifestações foram marcadas por violência. A polícia reagiu com gás lacrimogêneo e cercou parte do centro  de Quito, onde estão alguns dos prédios importantes do governo.

Moreno decretou toque de recolher entre às 20h e às 5h da manhã, durante um mês, nos arredores do Palácio de Carondelet, para evitar que os manifestantes se aproximem da sede do executivo.