O Indicador de Custos Industriais (ICI) voltou a cair no primeiro trimestre do ano. Segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira, 28, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o índice registrou queda de 1,0% ante o quarto trimestre de 2023. O ICI vinha em trajetória de queda há cinco trimestres, que foi interrompida por um avanço nos últimos três meses do ano passado.

O recuo nos custos no primeiro trimestre de 2024 foi motivado pela queda de dois dos três componentes do indicador: o custo de produção, que caiu 1,4%, e o custo de capital, redução de 2,0%. Já o custo tributário registrou alta de 1,7% no mesmo período, mas não foi suficiente para reverter a queda dos demais componentes do ICI.

“A queda é positiva, pois significa menos custos para o empresário da indústria de transformação. Mas, quando comparamos com o primeiro trimestre de 2020 (antes da pandemia), os empresários industriais ainda enfrentam um cenário de custos elevados para manter profissionais, para conseguir capital de giro e para continuar produzindo”, explica a economista da CNI, Paula Verlangeiro.

A pesquisa mostra que, mesmo com a queda dos custos no primeiro trimestre, o indicador ainda permanece em patamar elevado, 28,8% acima do verificado no período pré-pandemia.

Custo de produção

O índice que apura o custo com a produção industrial caiu 1,4% no primeiro trimestre do ano, após ter registrado alta no último trimestre de 2023. Mesmo com esse recuo, o índice está 44,4% acima do patamar verificado no primeiro trimestre de 2020 (pré-pandemia).

Segundo o levantamento da CNI, o componente custo com pessoal foi o que mais contribuiu para a queda do índice de custo de produção, com recuo de 3,5% no período. Essa diminuição foi puxada pela queda de 3,0% da massa salarial do início do ano. Por outro lado, o emprego teve avanço de 0,5% no primeiro trimestre.

O indicador que mede custo com bens intermediários recuou 1,0% em razão da queda, em mesma magnitude, tanto para bens intermediários nacionais como para bens intermediários importados.

O único dos componentes do custo de produção que subiu no trimestre foi o custo com energia, que teve alta de 2,1%. “Isso se deve à elevação de todos os seus componentes: alta de 3,1% no custo com energia elétrica, avanço de 0,6% para óleo combustível e aumento de 2,0% do custo com gás natural”, destaca a CNI.

Custo com capital

O índice de custo com capital caiu 2,0% no primeiro trimestre, após três quedas consecutivas. Assim, destaca a pesquisa, o custo com capital foi o componente do ICI que mais recuou, contribuindo para a redução dos custos da Indústria de Transformação na passagem do quarto trimestre de 2023 para o primeiro trimestre deste ano. No entanto, quando se compara com o período pré-pandemia, o custo com capital ainda mostra alta de 34,2%.

Custo tributário

A pesquisa mostra que o custo tributário, medido pela soma dos tributos federais e estaduais pagos pela indústria divididos pelo PIB industrial, teve um avanço de 1,7% nos primeiros três meses do ano na comparação com o quarto trimestre de 2023.

A CNI destaca que, no primeiro trimestre, normalmente, há uma menor arrecadação em razão de fatores sazonais, o que contribui para menor atividade econômica, com geração de receita reduzida, o que afeta a arrecadação de impostos. “No entanto, no primeiro trimestre de 2024, como a queda do PIB industrial foi maior que a queda dos tributos totais, o indicador aumentou na comparação entre o quarto trimestre de 2023 e o primeiro trimestre de 2024”, ressalta a pesquisa.

Competitividade

A indústria brasileira teve alta de 1,5% do índice de competitividade no mercado externo na passagem do quarto trimestre de 2023 para o primeiro trimestre de 2024. Segundo os dados apresentados pela CNI, esse movimento foi decorrente do avanço no custo dos produtos industriais dos Estados Unidos (+0,4%) e queda de 1,0% nos custos da indústria brasileira.

O índice de lucratividade da indústria também teve alta de 0,5% no primeiro trimestre do ano. O aumento ocorreu em razão da queda dos preços das mercadorias vendidas pela indústria de transformação, de 0,5%, ter sido menor que a queda de custos industriais.

O indicador que mede a competitividade no mercado doméstico teve redução de 0,4%. O movimento ocorreu porque o preço dos bens importados caiu 1,4%, enquanto o recuo dos custos da indústria brasileira no período foi de 1,0%.