O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, decidiu devolver nesta sexta-feira (13) o passaporte do ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella (Republicanos), que foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para assumir a embaixada do Brasil na África do Sul. As informações são do UOL.

Crivella estava proibido de deixar o país desde fevereiro deste ano por decisão do próprio Gilmar. O ex-prefeito é acusado de ter comandado um suposto esquema de corrupção envolvendo propina durante a sua gestão na capital carioca.

O Ministério Público estadual apontou que o “QG da propina” arrecadou mais de R$ 53 milhões em depósitos para mais de 20 empresas de fachada, em nome de laranjas, criadas pelo grupo de Crivella. O ex-prefeito é réu por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Crivella foi preso em 22 de dezembro do ano passado, a nove dias de deixar o cargo, acusado de chefiar o “QG da propina”. Bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Crivella foi transferido do presídio de Benfica para a prisão domiciliar no mesmo dia após decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins.

Em fevereiro, o ministro do Supremo Gilmar Mendes determinou a revogação da prisão domiciliar de Crivella, mas proibiu que ele deixasse o País retendo seu passaporte. Além disso, o bispo da Universal precisaria se apresentar regularmente à Justiça e não poderia manter relações com os demais investigados.

Por ter cumprido as determinações de Gilmar, Crivella ganhou do ministro o direito de reaver seu passaporte nesta sexta. “Verifico que, no momento atual, o risco do paciente se evadir da aplicação da lei penal é mínimo, considerando que, desde 22.12.2020, o paciente vem respondendo devidamente aos atos do processo e cumprindo adequadamente todas as medidas cautelares impostas”, escreveu Gilmar em sua decisão.

A escolha de Crivella para embaixador na África do Sul aconteceu em um momento em que a Universal enfrenta problemas no continente africano, com uma rebelião de pastores angolanos contra o comando brasileiro da igreja, e denúncias do país contra pastores brasileiros sob suspeita de lavagem de dinheiro.

Crivella morou na África do Sul nos anos 1990, e foi um dos líderes da internacionalização da Universal no continente. Só lá, a igreja possui cerca de 300 templos.