Genial/Quaest: indicação de Messias ao STF é rejeitada por 45% e aprovada por 30%

Indicação do advogado-geral da União gerou crise que colocou em xeque a relação do governo com o Senado

Ricardo Stuckert/PR
Messias e Lula Foto: Ricardo Stuckert/PR

Quase metade dos entrevistados (45%) reprova a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF), segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta sexta-feira, 19. Outros 30% dizem aprovar a escolha de Messias ao Supremo e 25% não souberam ou não responderam.

No mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu Messias para ocupar a cadeira deixada por Luís Roberto Barroso na Corte. A indicação abriu uma crise que extrapolou a disputa por votos no Senado e colocou em xeque a relação do governo com a Casa.

Apesar do índice de rejeição, a aprovação é superior à registrada na indicação para o STF do então advogado pessoal de Lula, Cristiano Zanin. Em levantamento realizado em abril de 2023, quando o nome de Zanin ainda era especulado, 60% rejeitavam a escolha, 23% aprovavam e 17% não sabiam ou não responderam.

Mesmo com a repercussão negativa, apenas 35% dos entrevistados afirmaram ter conhecimento da indicação de Jorge Messias ao STF.

Entre os entrevistados que não se identificam nem com a esquerda nem com a direita, 44% desaprovam a escolha, enquanto 22% aprovam a indicação de Messias. Nesse grupo, 34% não souberam ou preferiram não responder.

Entre os que se declaram de direita, a rejeição é majoritária. Entre bolsonaristas, 73% desaprovam a indicação do AGU; entre os não bolsonaristas, o índice de desaprovação é de 74%. Aprovam o nome de Messias 11% dos bolsonaristas e 12% dos não bolsonaristas.

Já no campo da esquerda, os dados mostram maior divisão. Entre lulistas, 61% aprovam o nome de Messias e 16% o rejeitam. Entre os entrevistados de esquerda que não se identificam com Lula, 47% aprovam a indicação, enquanto 28% desaprovam.

A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas presenciais, entre os dias 11 e 14 de dezembro de 2025. O levantamento tem nível de confiança de 95% e margem de erro de dois pontos porcentuais.

Poder de indicação ao STF

A pesquisa também investigou a percepção dos entrevistados sobre o poder presidencial de indicar ministros ao STF. A indicação precisa passar pelo crivo do Senado. Para 54%, o presidente não deveria poder indicar livremente os nomes para a Corte. O porcentual representa uma queda em relação a junho de 2023, quando 59% defendiam essa posição.

Naquele ano, 34% acreditavam que o presidente poderia indicar quem quisesse. No levantamento mais recente, esse número subiu para 41%. Outros 5% não souberam ou não responderam.

O recorte ideológico mostra rejeição majoritária à ideia no campo da direita: 77% dos bolsonaristas e 79% dos entrevistados de direita não bolsonarista afirmam que o presidente não deve ter esse poder, resultados empatados dentro da margem de erro.

Na esquerda, novamente, há maior divergência. Entre lulistas, 77% defendem que o presidente possa indicar livremente os ministros do STF, e o porcentual que cai para 60% entre os entrevistados de esquerda não alinhados a Lula.

A indicação de Jorge Messias ao STF abriu uma crise, estremeceu a relação do governo com o Senado. Nos bastidores, a rejeição não se limita às bancadas de oposição. Ela alcança partidos do centro e é agravada pelo descontentamento do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), diante da decisão de Lula de não indicar o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga na Corte.

Entidades como Fórum Justiça, Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos e a Plataforma Justa passaram a pressionar o governo federal para que Lula indicasse uma mulher para ocupar a vaga aberta no STF.

Atualmente, o Supremo conta com apenas uma ministra em sua composição, Cármen Lúcia, empossada em 2006 e com aposentadoria prevista para 2029. A Corte chegou a ter duas mulheres simultaneamente, cenário que se encerrou com a aposentadoria de Rosa Weber, em 2023.