O coronavírus continua castigando a Índia com dureza sem precedentes e mais de 4.000 pessoas morreram nas últimas 24 horas, num momento em que o debate sobre o levantamento das patentes das vacinas anticovid ganha fôlego no mundo com um novo defensor: o papa Francisco.

A virulência da pandemia subjugou o frágil sistema de saúde da Índia, país de 1,3 bilhão de habitantes que registrou 4.187 mortes neste sábado (8), segundo dados oficiais.

Pessoas infectadas com o coronavírus continuam morrendo nas portas dos hospitais, que colapsaram apesar da ajuda internacional. E o pior ainda estar por vir, segundo especialistas, que esperam um pico no final de maio.

O gigante asiático acumula 238.270 mortes e 21,9 milhões de casos, números que vêm aumentando rapidamente, enquanto no resto do mundo as infecções e óbitos parecem mais controladas.

Diante da deterioração da situação, um confinamento de uma semana começa hoje no estado de Kerala, no sudoeste do país. Na região de Karnataka valerá por duas semanas.

A situação em Nova Délhi, a capital de 20 milhões de habitantes, e em Mumbai está se estabilizando, mas a escassez de suprimentos continua.

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A catástrofe atingiu países vizinhos como Bangladesh, Nepal e Sri Lanka, que fecharam suas fronteiras com a Índia, enquanto o Paquistão impôs um fechamento de nove dias durante o feriado muçulmano do Eid al-Fitr.

– Levantamento de patentes –

O debate sobre um acesso mais rápido e justo às vacinas contra o coronavírus em todo o mundo, especialmente em países com menos recursos, está ganhando impulso.

“O mais importante que precisamos agora são vacinas, igualdade de vacinas”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Neste sábado, a União Europeia (UE) declarou estar pronta para discutir o levantamento das patentes das vacinas anticovid durante uma cúpula em Portugal.

“Não acreditamos que a curto prazo possa ser uma solução mágica, mas temos de estar prontos para discutir este assunto quando forem apresentadas propostas concretas”, afirmou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Na reunião, a UE também anunciou um acordo com os laboratórios Pfizer/BioNTech para comprar até 1,8 bilhão de doses adicionais de sua vacina anticovid.

A possível suspensão das patentes dos imunizantes foi proposta pela Índia e África do Sul e recebeu apoio surpreendente dos Estados Unidos esta semana, colocando a questão no centro da agenda da crise de saúde.

Neste sábado, o papa Francisco insistiu na necessidade de “um espírito de justiça que nos mobilize para garantir o acesso universal à vacina e a suspensão temporária dos direitos de propriedade intelectual”.

“Uma variante desse vírus é o nacionalismo fechado, que impede, por exemplo, um internacionalismo das vacinas. Outra é quando colocamos as leis de mercado ou de propriedade intelectual acima das leis do amor e da saúde da humanidade”, afirmou Francisco em mensagem enviada aos organizadores de um show em prol de uma vacinação mais rápida e equitativa contra o coronavírus em todo o mundo.


Essa iniciativa, que aceleraria a produção mundial, é vista com bons olhos pela França e pela Rússia, mas encontra oposição da Alemanha. Sua aprovação requer o acordo dos membros da Organização Mundial do Comércio (OMC).

– Casos na América Latina caem –

Num momento em que as mortes chegam a 3,27 milhões em todo o mundo e as campanhas de vacinação avançam de forma desigual, o número de infecções diminuiu na Europa, Estados Unidos, Canadá e América Latina.

No México, as medidas de distanciamento social na capital serão reduzidas a partir da próxima semana, devido ao contínuo declínio das infecções.

Na Europa também há otimismo. Depois de um ligeiro declínio no número de casos, na Alemanha “a terceira onda parece ser contida”, segundo o ministro da Saúde, Jens Spahn.

Neste sábado e passados quase sete meses, os belgas puderam voltar às áreas externas de cafés e bares. E na Espanha o estado de alarme, que restringe, por exemplo, a mobilidade entre regiões, será levantado no domingo.

A situação é diferente no Japão, onde o governo estendeu na sexta-feira o estado de emergência em Tóquio e em várias regiões, faltando menos de três meses para os Jogos Olímpicos, devido ao aumento das infecções.

Embora essa nova onda de casos seja menos grave do que a registrada em outros países, está levando o sistema hospitalar do país ao limite.

Apesar do novo surto, o vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), John Coates, declarou hoje que nada poderá impedir que as Olimpíadas de Tóquio (de 23 de julho a 8 de agosto) sejam realizadas conforme planejado.

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