A Índia superou, nesta terça-feira (4), a marca de 20 milhões de casos de covid-19 e o cenário no país é cada vez mais preocupante, com o sistema de saúde asfixiado, enquanto no Brasil, também muito afetado pela pandemia, alguns estados interromperam a aplicação da segunda dose da vacina Coronovac por falta do imunizante.

Nesta terça-feira, o país asiático contabilizou mais de 350.000 novos casos, um pouco menos que o recorde de 402.000 em 24 horas registrado na semana passada.

“Há um sinal de movimento na direção correta”, afirmou na segunda-feira Lav Aggarwal, alto funcionário do ministério da Saúde indiano.

A Índia, que sofre com uma onda de contágios de uma nova variante do vírus, tem um balanço de 222.000 mortes, uma situação dramática atribuída por especialistas aos grandes encontros religiosos e à inércia do governo do primeiro-ministro nacionalista Narendra Modi.

Os hospitais estão em colapso, com falta de oxigênio, remédios e leitos, apesar dos esforços da comunidade internacional para ajudar o país na luta contra o vírus, que matou mais de 3,2 milhões de pessoas no mundo.

“Trabalhamos muito duro, mas não podemos salvar a todos”, afirma Swadha Prasad, de 17 anos, que atua como voluntária em Nova Délhi verificando a disponibilidade de leitos e remédios, além de atender ligações de pessoas desesperadas em busca de ajuda para os familiares.

Na Austrália, cresce a hostilidade contra o governo, que proibiu a entrada de pessoas procedentes da Índia, inclusive de cidadãos do país, o que deixou milhares de australianos retidos.

“Se o nosso governo se importasse com a segurança dos australianos nos permitiria retornar para casa. Isto é uma vergonha”, escreveu no Twitter Michael Slater, um ex-jogador de críquete, bloqueado nas Maldivas.

O governo australiano advertiu no sábado que os cidadãos do país que retornassem da Índia em voos com escala poderiam correr o risco de penas de cinco anos de prisão.

O primeiro-ministro Scott Morrison recuou na ameaça de prisão, mas manteve a decisão de proibir os retornos.

– Segunda dose indisponível no Brasil –

No Brasil, segundo país mais afetado pela pandemia no mundo com 408.000 mortes, o problema é a falta de vacinas.

Pelo menos sete capitais, incluindo grandes cidades como Belo Horizonte e Porto Alegre, interromperam a aplicação da segunda dose da vacina CoronaVac por falta do imunizante, o mais utilizado no país.

No resto da região, o Equador proibiu na segunda-feira a exportação de oxigênio médico, utilizado para tratar pacientes de covid-19, e tabelou o preço.

O governo argentino informou que arrecadou mais de dois bilhões de dólares com o imposto excepcional de “solidariedade” aplicado às grandes fortunas para lutar contra a crise provocada pela pandemia.

Nos Estados Unidos, país mais afetado do planeta tanto em mortes como em casos, o governador da Flórida, Ron DeSantis, anunciou na segunda-feira o fim de todas as restrições relacionadas à pandemia, citando a eficácia da campanha de vacinação.

Em Nova York, que foi o epicentro da epidemia no ano passado, o governador do estado, Andrew Cuomo, anunciou a iminente retomada do serviço 24 horas do metrô da cidade.

Na Europa, os embaixadores dos 27 países membros da UE devem examinar na quarta-feira uma proposta da Comissão Europeia para permitir a entrada de viajantes de nações de fora do bloco que tenham sido imunizados.

Na frente das vacinas, o governo dos Estados Unidos pode aprovar na próxima semana o uso da vacina contra a covid-19 da Pfizer-BioNTech para adolescentes a partir de 12 anos.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) anunciou nesta terça-feira o início da “análise contínua” da vacina do laboratório chinês Sinovac contra a covid-19, o que abre caminho para sua futura autorização na UE.

No Canadá, o comitê científico que assessora o governo recomendou que a vacina da Johnson & Johnson seja reservada para pessoas com mais de 30 anos.

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