O jantar de filiação de Alexandre Kalil ao PDT navegou da expectativa de reunir dois possíveis palanques do presidente Lula (PT) em Minas Gerais nas eleições de 2026 à sinalização de reenlace entre o ex-prefeito de Belo Horizonte e o petismo.
Ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann compareceu, conversou com Kalil pela primeira vez desde a última disputa eleitoral — não falaram sobre 2026, diga-se — e lá permaneceu “até o final”, segundo presentes.
A participação foi movida pela relação com a bancada do PDT no Congresso — o jantar foi promovido por Mário Heringer (MG), líder do partido na Câmara —, mas o gesto foi encarado pelo entorno do ex-prefeito como um aceno do Palácio do Planalto a sua pré-candidatura ao governo de Minas Gerais — além de Gleisi, houve presença expressiva de lideranças de partidos da base, como PT, PCdoB e Rede.

Rodrigo Pacheco ao lado de Lula: petista diz que, se for candidato, ex-presidente do Senado ‘será governador’
O dilema de Pacheco
Por outro lado, o senador Rodrigo Pacheco (PSD), postulante preferido de Lula ao cargo, foi convidado, mas justificou a ausência. Embora não seja o favorito, o ex-presidente do Senado é cotado para a indicação do petista à vaga aberta no STF (Supremo Tribunal Federal) com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso e hesita em disputar o governo.
No entorno do ex-prefeito, a avaliação é de que o petismo teme ficar sem palanque competitivo no estado — onde, desde a redemocratização, o mais votado na eleição presidencial acaba eleito — e já onsidera apoiar o neo-pedetista, que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. “Se Pacheco fosse realmente ser candidato, essa sinalização não aconteceria tão cedo”, disse uma fonte à IstoÉ, sob condição de anonimato.
Questionado, o anfitrião do evento disse que a política é “feita de gestos”. “[Mas] falta tempo ainda para falarmos da realidade. Por enquanto, são pedras colocadas no tabuleiro”, disse Heringer à IstoÉ.
Kalil, vale lembrar, tem pendente a reversão da própria inelegibilidade para ser candidato, mas subiu no palanque de Lula em 2022, quando foi derrotado pelo governador Romeu Zema (Novo) no primeiro turno. Desde então, conforme revelou em entrevista à IstoÉ, não voltou a falar com o petista e se vê como representante do “centro”, não do lulismo, para disputar outra vez o Palácio da Liberdade.

Marilia Campos: reeleita com ‘frente ampla’ em 2024, prefeita de Contagem defende PT com Pacheco ou Kalil
Kalil joga com desgaste da espera
Publicamente, quem defende que o PT tome logo sua decisão é a prefeita Marilia Campos, de Contagem — segunda maior cidade administrada pelo partido no país —, na região metropolitana da capital mineira. “Os dois grandes nomes são Pacheco e Kalil, [mas] se Pacheco declina e Kalil se coloca, temos que apoiar de primeira mão e trabalhar essa liderança. Não podemos perder o bonde da história”, afirmou à IstoÉ.
Marilia, aliás, é incluída em pesquisas e aventada como possível candidata da sigla ao governo, Senado ou mesmo à vice em eventual chapa com ambos os citados. “Meu nome está à disposição do partido para o Senado, não para outro cargo [em 2026]”, esclareceu. Em todos os cenários, o mesmo denominador: em nome do projeto de reeleição de Lula, um petista não concorrerá ao governo de Minas no ano que vem.