Depois de três rodadas de aumentos de preço do aço pelas usinas este ano, os distribuidores acreditam que haja pouco espaço no mercado para novos reajustes, segundo o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro. Ele considerou que o nível de preços no mercado externo e o câmbio atual não permitiriam novos reajustes no momento.

Com os aumentos, o prêmio do aço, que é a diferença do preço do produto nacional em relação ao importado, ficou em torno de 5% a 10% dependendo da localidade, disse Loureiro.

Apesar da diferença de preço no mercado nacional, o presidente do Inda considerou que não há tendência de crescimento nas importações. Ele avaliou que os compradores têm hoje diferentes fatores que limitam a capacidade de importação, como por exemplo, indisposição para tomada de crédito e exposição à variação cambial.

“Hoje está muito difícil importar independente do prêmio porque há pouca disposição para tomar crédito, para assumir o custo de hedge e pagar a compra à vista no desembarque”, concluiu.

Apesar de destacar que a situação financeira dos compradores e a necessidade de prazos flexíveis favorece as vendas pela rede de distribuição, Loureiro admitiu que a inadimplência tem sido elevada. Ele considerou que os montantes de recebíveis em atraso na rede aumentaram em cerca de 50% em maio deste ano na comparação com o mesmo mês do ano anterior. “Sem dúvida, esse é o grande problema da rede distribuidora hoje”, completou.

Do lado das compras dos distribuidores, Loureiro afirmou que os resultados em maio foram positivos e teriam sido até melhores não fosse um problema na produção da CSN. Segundo ele, a siderúrgica informou problemas com um alto-forno e atrasou alguns pedidos, mas tem comunicado que vai colocar as entregas em dia em breve.

Para as vendas, a previsão do Inda segue sendo de um recuo entre 5% e 7% do total vendido pela rede distribuidora este ano ante 2015. No acumulado de janeiro a maio, a queda é de 9,2% ante igual período de 2015.

Inflexão e estancamento

As vendas da rede de distribuição de aço no Brasil passam por uma inflexão e estancamento do ritmo de queda, na avaliação de Carlos Loureiro. Ele considerou que a rede de distribuição tem ganhado fatia de mercado diante da queda nas importações mesmo num momento em que o consumo aparente de aço não se mostra “muito vibrante”.

As vendas de aços planos realizadas pela rede somaram 275,1 mil toneladas em maio, o que significou um crescimento de 2,2% ante o mesmo período do ano passado. Em relação a abril as vendas subiram 11,8%. Trata-se da primeira elevação na comparação anual registrada em 2016. O resultado superou as estimativas dos distribuidores, que previam estabilidade ante abril.

Para junho, os distribuidores preveem volume de vendas equivalente ao de maio, o que já indica um crescimento na comparação anual de 6,4%.

Para Loureiro, os distribuidores têm ganhado ainda fatia de mercado sobre as vendas feitas diretamente pelas usinas. Ele considerou que a rede distribuidora está trabalhando com margens baixas e a dificuldade financeira dos compradores faz com que grande parte opte pelos distribuidores para conseguir mais prazo.

Segundo dados apresentados pelo Inda, as vendas pela rede de distribuição acumulam queda de 9,2% entre janeiro e maio na comparação com igual período do ano passado. Já o consumo aparente recuou 30,2% na mesma comparação.

Apesar de considerar que o mercado como um todo ainda não mostra movimentos tão otimistas, Loureiro ponderou que “deverá haver alguma recuperação nos números do segundo semestre” para o consumo aparente. Ele destacou, por outro lado, o mercado de chapa grossa, no qual considerou que não há sinais de curto prazo que apontem para uma recuperação. Nesse mercado específico, o consumo aparente saiu de 141,8 mil toneladas mensais em média em 2008 para uma média de 45 mil toneladas mensais este ano.