Dezenas de pessoas compareceram a uma pequena igreja em Uvalde, Texas, nesta quarta-feira (25) para orar pelas 19 crianças e dois adultos que morreram no dia anterior em um tiroteio perpetrado por um adolescente em uma escola primária local.

Essa cidade de cerca de 15.000 habitantes, localizada a 80 km do México, era até poucas horas atrás um daqueles lugares típicos dos Estados Unidos, sem história. Um traçado de ruas perpendiculares e paralelas salpicadas de shoppings, postos de gasolina e redes de ‘fast food’.

Mas na terça-feira em torno do meio dia, Salvador Ramos, de 18 anos, entrou na escola primária Robb com dois fuzis de assalto, se trancou em uma sala de aula e abriu fogo contra dois professores e 19 alunos, antes de ser abatido pela policia.

O massacre, o pior do país em uma década, sacudiu a pacata cidade e a mergulhou em um misto de incompreensão e raiva.

Aida Hernandez chora ao sair da igreja do Sagrado Coração, um prédio simples de tijolos cinza, localizado junto à estrada principal de Uvalde.

“Sinto horror e dor. Conhecia as vítimas. Sigo em choque”, diz essa professora, que trabalhou na escola Robb até sua aposentadoria há dois anos. “Quando um ensina em uma sala de aula, é seu trabalho proteger os alunos. E fizeram além do que se esperava deles”, disse.

– “Muitas vezes” –

A poucos metros dali, Rosie Buantel está farta de que os tiroteios continuem se repetindo nos Estados Unidos. “Estou triste e zangada com nosso governo por não fazer mais para controlar as armas”, disse após sair da missa.

“Já passamos por isso muitas vezes e nada é feito, continuam debatendo”, afirmou.

Eddie, um morador de Uvalde que não quis revelar seu sobrenome, também se mostrou indignado pelo massacre de terça. “Vim prestar homenagem e também pressionar por uma mudança de leis para que as armas não acabem nas mãos dos jovens”, disse após depositar flores perto da escola Robb, cercada pela policia.

Em uma cidade abalada, que nesta quarta pareceu acordar em câmera lenta, dezenas de pessoas se reuniram em um centro municipal para receber apoio psicológico.

Na véspera, familiares e amigos das vítimas do ataque esperaram horas para saber o que havia acontecido com seus entes queridos.

Em frente ao centro municipal, sob o calor do meio-dia texano, grupos de adultos e crianças conversam, entram e saem, diante do olhar de inúmeros policiais.

A psicóloga voluntária Iveth Pacheco viajou de San Antonio, cerca de 120 km ao leste de Uvalde, para oferecer apoio a quem necessitar.

“É uma daquelas situações em que você só precisa estar presente”, explica. “Você tem que estar pronto para a criança com qualquer dúvida que ela tenha. E o mesmo vale para os adultos.”

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