Os possíveis problemas que a Embraer enfrentará para confirmar seu acordo com a Boeing pesaram nesta sexta-feira, 13, sobre a ação da fabricante de aeronaves brasileira. De acordo com profissionais do mercado, o papel passará a ficar mais sensível a qualquer notícia que envolva a joint venture.

Nesta sexta, sindicatos que representam os funcionários da companhia voltaram a se manifestar contra a operação, após reunião com o presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva. As ações ordinárias da companhia, com direito a voto, fecharam o dia com queda de 4,62%, cotadas a R$ 20,66.

Neste mês, o papel já acumula desvalorização de 15%, concentrada nos últimos dias, após o anúncio do acordo.

Segundo os sindicatos, as fábricas da Embraer não se sustentarão caso a empresa brasileira e a Boeing não garantam projetos no Brasil para o futuro – algo que ambas não prometem no momento.

“Não estou contra essa junção por causa do imperialismo norte-americano, como gostam de taxar o sindicato. Estou me baseando em um fato concreto: se não houver garantia de novos investimentos e nova aeronave, a fábrica vai fechar em cinco ou 10 anos”, disse ao Estadão/Broadcast Herbert Claros, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que tem encabeçado a campanha contra a operação.

Segundo Claros, que esteve acompanhado na reunião com a Embraer por dirigentes dos sindicatos de Botucatu e Araraquara, a discussão não avançou na questão dos empregos: a empresa não garante estabilidade no curto ou no longo prazo.

A principal preocupação dos sindicatos mira alguns anos à frente. Hoje, a empresa está em boa situação, com o seu carro-chefe – a família dos E2 – ainda em lançamento, afirma o sindicalista. Mas esses modelos se tornarão ultrapassados em alguns anos e a companhia precisará de novos projetos para manter o nível de emprego.

Na visão dos sindicatos, é baixa a probabilidade de os americanos optarem por desenvolver e fabricar novos aviões no Brasil.

Os sindicatos rechaçam o argumento de que a Embraer precisaria se juntar à Boeing para sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo. Claros destaca que a companhia já é a líder em jatos regionais e que as aeronaves de suas concorrentes asiáticas, como a russa Sukhoi e a japonesa Mitsubishi, estão apenas no papel ou, no máximo, em fase de testes.

As entidades querem que o governo vete a operação e, para isso, pediram reunião com o presidente Michel Temer, mas ainda não receberam resposta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.