O aumento nas incertezas do cenário político ajudou na deterioração da confiança do empresário do setor de serviços nos últimos meses, avaliou Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) recuou 1,8 ponto na passagem de novembro para dezembro, para 75,7 pontos, a terceira queda consecutiva, acumulando uma perda de 4,9 pontos no período. Por outro lado, o indicador tinha avançado 11,8 pontos de fevereiro a setembro, quando mostrou recuperação, impulsionado justamente por uma melhora na crise política.

“A leitura que a gente fez na época era de que o empresário estava menos pessimista por conta do desdobramento da crise política, porque casava com o processo de impeachment (da ex-presidente Dilma Rousseff). Isso animou as expectativas”, contou Sales.

De fevereiro a setembro, Índice de Situação Atual (ISA-S) subiu apenas 2,4 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE-S) avançou 21,2 pontos. Segundo Sales, o crescimento na confiança foi baseado nas perspectivas para o futuro, que agora recuam por causa das frustrações com os resultados reais do desempenho econômico, do agravamento do desemprego e da incerteza em relação ao cenário político.

“O recado dos indicadores é que não há sinal da melhora que era esperada meses antes. As incertezas são com a governança como um todo. A aplicação de novas medidas econômicas fica mais morosa, mais travada. Então o processo de melhora fica mais contido”, justificou o consultor do Ibre/FGV.

Em dezembro, o Índice de Situação Atual (ISA-S) caiu 0,7 ponto, para 70,2 pontos, puxado pela piora na percepção sobre a Situação Atual dos Negócios. O Índice de Expectativas (IE-S) recuou 2,9 pontos, para 81,6 pontos, com deterioração na avaliação sobre a Tendência dos Negócios para os seis meses seguintes.