O financiamento da inovação enfrenta dificuldades devido às fortes incertezas decorrentes do fim do crédito barato, o que tem consequências nefastas para o capital de risco disponível, advertiu a ONU nesta quarta-feira (27).

O valor global do capital de risco que financia a inovação, e que aposta, principalmente, em “startups”, caiu 40% em 2022 e continua em queda, destaca a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) em seu relatório sobre competitividade.

Devido ao aumento quase generalizado das taxas de juros em todo o mundo, “o ambiente para investimentos está no mínimo”, declarou o diretor da OMPI, Daren Tang, em entrevista coletiva virtual, observando que “o financiamento por capital de risco é cada vez menos comum”.

A queda em 2022 se segue ao “boom” de investimento em 2021, impulsionado pelo combate à pandemia da covid-19, que também permitiu alimentar fundos que costumam ser mal atendidos.

E a tendência de baixa continua em 2023, com uma diminuição de 47% observada no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano anterior, sublinhou Sacha Wunsch-Vincent, coautor do relatório, que alertou que isso “é apenas a ponta do iceberg”.

A OMPI destacou, no entanto, que houve, em 2022, um aumento significativo dos gastos das empresas em pesquisa e desenvolvimento (P&D), que atingiram US$ 1,1 trilhão (R$ 5,5 trilhões na cotação do dia), um recorde.

E, embora os montantes de capital de risco tenham diminuído, o número de transações cresceu, sobretudo por causa da Inteligência Artificial (IA), que levou as empresas de tecnologia a “se envolverem em uma corrida para investir mais” nesse setor, segundo Wunsch-Vicent.

O relatório inclui, ainda, um “ranking” dos países mais inovadores, elaborada pela mesma organização, e que mostra que a economia da inovação – antes concentrada na América do Norte e na Europa Ocidental – está se diversificando.

Pelo 13º ano consecutivo, a Suíça lidera a classificação, que tem as 10 primeiras posições majoritariamente ocupadas por países ocidentais. As duas exceções são Singapura (5ª) e da Coreia do Sul (10ª).

Na América Latina e no Caribe, o Brasil (49º) está pela primeira vez no topo, depois de subir cinco posições )desde o ranking anterior, seguido de Chile (52º) e México (58º). Segundo o relatório, Uruguai (63º) e El Salvador (95º) são os outros países da região que melhoraram sua posição no último ano.

“O Uruguai é o líder regional em instituições (31º); o Peru lidera em capital humano e pesquisa (50º); o Chile, em infraestrutura (52º); o Brasil está na frente em sofisticação empresarial (39º) e em produtos de conhecimento e tecnologia (52º); enquanto o México lidera a lista em produtos criativos (45º)”, detalha o texto.

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