Incêndios florestais alimentados por ventos com força de furacão arrasam, nesta quarta-feira (9), várias localidades do Havaí, deixando pelo menos seis mortos. Centenas de pessoas foram evacuadas, milhares de turistas ficaram presos no aeroporto e também houve operações de resgate no mar.

“Sofremos uma catástrofe terrível”, disse, em nota, o governador do Havaí, Josh Green, acrescentando que as chamas afetam Mauí e a Ilha Grande, no arquipélago americano.

“Foi confirmado que tivemos seis vítimas fatais e ainda continuamos as operações de busca e resgate, por isso não sabemos o que acontecerá com esse número”, disse o prefeito de Mauí, Mitch Roth, em coletiva de imprensa.

O estado de emergência foi anunciado, disse vice-governadora do estado insular, Sylvia Luke, com os hospitais da ilha de Mauí “saturados com pacientes por queimaduras e pessoas afetadas por inalar fumaça”.

“A linha de emergência não funciona, o serviço de celular não funciona, os telefones não funcionam”, acrescentou.

Mais de 14 mil casas estão incomunicáveis, informou a poweroutage.us.

Lahaina, uma cidade de aproximadamente 12 mil habitantes no noroeste de Mauí, foi a mais afetada. “Ficou destruída e centenas de famílias foram retiradas”, disse.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostraram as chamas destruindo esta cidade turística, densas colunas de fumaça tingindo o céu de preto e várias embarcações da marina de Lahaina também em chamas.

Habitantes da região pularam na água “para evitar o fogo”, disse mais cedo o major-general do Exército americano, Kenneth Hara, à rede Hawaii News Now. Pelo menos 12 pessoas foram resgatadas do mar pela Guarda Costeira.

“Foi terrível”, disse à CNN Claire Kent, moradora de Lahaina.

Kent explicou que várias regiões de Mauí, como Lahaina, ficaram sem eletricidade na madrugada, por isso os vizinhos não tinham notícias sobre o avanço do fogo.

“Tudo foi de boca a boca, as pessoas corriam pela rua dizendo ‘tem que sair!’. Havia pessoas em bicicletas gritando para que as pessoas fossem embora”.

Kent deixou sua casa, que foi destruída pelo incêndio, às pressas. “Não conseguia acreditar nisso”, disse.

“As chamas avançaram até o final do bairro”.

“Nós nos jogamos na estrada. Olhava para trás e havia chamas dos dois lados da rodovia, com pessoas presas no congestionamento e tentando sair nas duas direções. Parecia uma cena tirada de um filme de terror”.

“Tenho certeza de que houve pessoas que não conseguiram sair”.

Kent disse que tanto pessoas em situação de rua como gente que nadou para se distanciar do fogo podem ter ficado presas. “Não acredito que alguém estivesse preparado para a força que os ventos alcançaram”.

– Incerteza –

Devido à falta de comunicação em algumas regiões do arquipélago, a incerteza reina.

Algumas pessoas que conseguiram fugir das chamas relataram nas redes sociais e meios de comunicação o desespero por não saber do paradeiro de seus amigos e entes queridos.

“Não sei onde está meu irmãozinho”, disse Tiare Lawrence ao Hawaii News Now. “Não sei onde está meu padrasto”, completou.

“Todos os que eu conheço em Lahaina tiveram suas casas incendiadas”.

Chrissy Lovitt disse ao veículo local que os barcos na marina de Lahaina foram carbonizados.

“Sabemos de um casal que conseguiu sair, mas não sabemos do resto”, disse à AFP por telefone Elizabeth Smith, instrutora de uma escola de surfe em Kula.

A localidade, no centro da ilha, também está ameaçada por um incêndio florestal, mas Smith disse que ela estava a salvo.

Smith descreveu a situação como algo sem precedentes. “Não acredito que algo assim tenha acontecido antes em Mauí”.

“Não é comum ter tantas regiões afetadas pelos incêndios”.

– Fortes ventos –

Luke informou que os incêndios foram causados pelas condições secas e pelos fortes ventos do furacão Dora, que se encontra ao sul do arquipélago americano, mas não se espera que ele toque o solo.

Ele detalhou que os incêndios eram alimentados por ventos de até 130 quilômetros por hora.

Dez escolas públicas fecharam nesta quarta em Mauí, assim como dezenas de comércios.

As autoridades locais e a Cruz Vermelha abriram abrigos para receber os moradores que foram obrigados a deixar suas casas.

Pelo menos três pessoas foram resgatadas pelo ar.

Dezenas de turistas que chegaram ontem a Mauí ficaram presos no aeroporto devido às condições que afetam a ilha, acrescentaram as autoridades locais.

cl/mlm/llu/gm/dd/aa/mvv