Incêndios florestais alimentados por ventos com força de furacão arrasavam na quarta-feira (9) localidades do estado americano do Havaí, deixando seis mortos, centenas de evacuados e milhares de turistas retidos no aeroporto, enquanto as operações de resgate prosseguiam.

“Sofremos uma catástrofe”, expressou o governador Josh Green, acrescentando que as chamas afetavam Maui e a Ilha Grande, no arquipélago americano.

“Seis mortos foram confirmados”, informou o prefeito de Maui, Richard Bissen. “Prosseguimos com as operações de busca e resgate.”

“Muitas estruturas de lojas e residências foram totalmente queimadas”, disse Bissen, acrescentando que foram decretadas ordens de evacuação em mais de dez localidades.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ordenou que “todos os recursos federais disponíveis nas ilhas ajudem na resposta” aos incêndios.

O estado de emergência foi decretado, disse a vice-governadora do Havaí, Sylvia Luke. Os hospitais de Maui estão “saturados, com pacientes queimados e pessoas que inalaram fumaça”. “O serviço de celular não funciona, os telefones não funcionam”, acrescentou.

Mais de 10 mil casas continuavam incomunicáveis na tarde de hoje, segundo o poweroutage.us, e quase 20 vias importantes permaneciam fechadas.

Lahaina, povoado de aproximadamente 12 mil habitantes no noroeste de Maui, foi o mais afetado. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram as chamas destruindo esse local turístico, colunas de fumaça tingindo o céu de preto e embarcações da marina também em chamas.

Habitantes da região pularam na água “para evitar o fogo”, disse mais cedo o major-general do Exército americano, Kenneth Hara, à rede Hawaii News Now. Pelo menos 12 pessoas foram resgatadas do mar pela Guarda Costeira.

“Foi terrível”, disse à CNN Claire Kent, moradora de Lahaina. Ela explicou que várias regiões de Maui, como Lahaina, ficaram sem eletricidade de madrugada, por isso os vizinhos não tinham notícias sobre o avanço do fogo.

“Tudo foi de boca a boca, as pessoas corriam pela rua dizendo ‘tem que sair!’. Havia pessoas em bicicletas gritando para que as pessoas fossem embora”.

Claire deixou sua casa, que foi destruída pelo incêndio, às pressas. “Não conseguia acreditar”, disse. “Nós nos jogamos na estrada. Olhava para trás e havia chamas dos dois lados da rodovia, com pessoas presas no congestionamento e tentando sair nas duas direções. Parecia uma cena tirada de um filme de terror”.

Segundo Claire, tanto pessoas em situação de rua quanto gente que nadou para se distanciar do fogo podem ter ficado presas. “Não acredito que alguém estivesse preparado para a força que os ventos alcançaram”.

– Incerteza –

Devido à falta de comunicação em algumas regiões do arquipélago, a incerteza reinava. Algumas pessoas que conseguiram fugir das chamas relataram nas redes sociais e meios de comunicação o desespero por não saber do paradeiro de seus amigos e entes queridos.

“Não sei onde está meu irmãozinho”, disse Tiare Lawrence ao Hawaii News Now. “Não sei onde está meu padrasto.”

Chrissy Lovitt disse ao veículo local que os barcos na marina de Lahaina foram carbonizados. “Sabemos de um casal que conseguiu sair, mas não sabemos dos demais”, disse à AFP por telefone Elizabeth Smith, instrutora de uma escola de surfe em Kula.

A localidade, no centro da ilha, também está ameaçada por um incêndio florestal, mas Smith disse que ela estava a salvo e descreveu a situação como sem precedentes.

– Ventos fortes –

Luke informou que os incêndios foram causados pelas condições secas e pelos fortes ventos do furacão Dora, que se encontra ao sul do arquipélago americano, mas não se espera que ele toque o solo. Ele detalhou que os incêndios eram alimentados por ventos de até 130km/h.

Dez escolas públicas fecharam nesta quarta-feira em Maui, assim como dezenas de comércios. Autoridades locais abriram cinco abrigos para receber os moradores que foram obrigados a deixar suas casas. Três pessoas foram resgatadas pelo ar.

Milhares de turistas que chegaram nas últimas horas a Maui permaneciam retidos no aeroporto devido às condições da ilha, acrescentaram autoridades locais.

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