Portugal contará com a ajuda de aviões lançadores de água espanhóis para lutar contra os incêndios florestais que recomeçaram na noite desta segunda-feira (22), devido aos ventos, em uma região do centro do país onde o fogo matou mais de cem pessoas há dois anos.

O governo português pediu ajuda à Espanha, que enviará “dois aviões anfíbios pesados”, anunciou o Ministério do Interior em um comunicado.

“A União Europeia está preparada para reforçar sua ajuda se for necessário”, afirmou Natasha Bertaud, porta-voz da Comissão Europeia.

O incêndio tinha sido “quase completamente controlado de manhã, mas as condições atmosféricas não facilitaram uma consolidação da situação”, indicou o primeiro-ministro, António Costa, à imprensa.

Os bombeiros haviam anunciado nesta segunda que tinham contido “em 90%” um incêndio ativo desde sábado no centro de Portugal, mas que temiam que as chamas reavivassem nesta região.

Sete regiões do centro e do sul do país foram declaradas em alerta de fogo forte nesta segunda-feira.

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Os incêndios florestais foram declarados no sábado à tarde em três frentes e em zonas de difícil acesso na região de Castelo Branco, 200 quilômetros ao norte de Lisboa.

No começo do domingo, várias localidades foram evacuadas por precaução.

No domingo, o trabalho dos bombeiros se viu dificultado, devido às rajadas de vento que fizeram as chamas recuperarem vigor várias vezes.

Estas regiões montanhosas e cobertas de florestas do centro de Portugal são regularmente vítimas de incêndios, incluindo os mais mortíferos da história do país.

Altamente afetada pelo êxodo rural, esta área é habitada principalmente por pessoas idosas, cujos vilarejos se escondem nas florestas de eucalipto, uma espécie extremamente inflamável, mas muito procurada pela indústria do papel.

Apesar dos riscos, os habitantes locais plantam essas árvores que crescem muito rapidamente e representam uma fonte de renda significativa para essas comunidades.

Campos e pastagens são abandonados, as florestas não são mais cuidadas, e a vegetação rasteira facilita o alastramento do fogo.

– Cansaço –

O objetivo nesta segunda-feira é “reduzir a reativação de incêndios”, disse o porta-voz da Defesa Civil.

Os incêndios deixaram até agora 31 feridos (queimados, ou intoxicados pela fumaça), incluindo oito bombeiros.


O presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que visitou um homem gravemente ferido transferido para um hospital em Lisboa, expressou “sua solidariedade aos bombeiros e à população afetada”.

“Infelizmente, o terror voltou. Já estamos fartos!”, protestou Ricardo Aires, prefeito de Vila de Rei, uma das cidades atingidas pelos incêndios.

A Polícia Judiciária abriu uma investigação para determinar as circunstâncias desses incêndios florestais.

“Como é possível que cinco incêndios de dimensões significativas tenham começado em lugares tão próximos?”, questionou o ministro do Interior, Eduardo Cabrita.

Um homem de 55 anos foi preso no domingo, anunciou a Polícia Judiciária.

Ele é suspeito de ter iniciado o incêndio perto de Castelo Branco, embora aparentemente não esteja ligado aos grandes focos declarados no sábado.

Portugal vive sob a memória dos terríveis incêndios de junho e outubro de 2017 no centro do país, que causaram a morte de 114 pessoas no total.

Segundo um estudo do sistema europeu de informação sobre incêndios florestais publicado em maio, mais de 250.00 hectares de floresta foram vítimas de incêndios em toda Europa entre janeiro e abril de 2019.


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