Grandes incêndios devastam a floresta tropical da Indonésia e a fumaça tóxica forçou nesta terça-feira a suspensão das aulas em centenas de escolas no sudeste da Ásia.

Vastas áreas de florestas nas ilhas de Sumatra e Bornéu estão ardendo, enquanto milhares de pessoas lutam para controlar as chamas, frequentemente provocadas com o objetivo de limpar as terras para cultivos.

Também se acredita que a queimada para a agricultura é a causa dos enormes incêndios que atualmente devastam a Amazônia. Especialistas acreditam que eles poderiam ter um sério impacto na mudança climática.

Na Indonésia, o número de focos de incêndios disparou em algumas zonas, inclusive em Bornéu.

A qualidade do ar caiu a níveis “insalubres” em Kuala Lumpur e seus arredores, de acordo com o índice de poluentes atmosféricos determinado pelo governo.

O cheiro da queimada domina a região. Os moradores relatam problemas respiratórios e reclamam de problemas de vista.

“Os olhos doem e a fumaça provoca problemas respiratórios”, declarou em Kuala Lumpur a turista indonésia Indah Sulistia. “A neblina também cria problemas para tirar fotos”, acrescentou.

Quase 400 escolas permaneceram fechadas nesta terça-feira em nove distritos do estado de Sarawak, em Bornéu. Mais de 150.000 alunos foram afetados, de acordo com a secretaria de Educação.

Na província indonésia de Jambi, em Sumatra, alguns jardins de infância permanecerão fechados até sexta-feira. As escolas do ensino fundamental e médio também suspenderam as aulas, mas as autoridades não divulgaram números precisos.

O prefeito de Jambi, Syarif Fasha, pediu aos moradores que utilizem máscaras de proteção. O agência nacional de gestão de desastres da Malásia informou que 500.000 máscaras serão enviadas ao comitê de desastres do estado de Sarawak.

“Isto é realmente aterrorizante”, afirmou Atiah, morador de Jambi.

“Estou tossindo e tenho dificuldades para respirar. Não sei o que vai significar para minha saúde”, completou.

Na segunda-feira, a Malásia anunciou que planejava uma semeadura de nuvens para induzir a chuva e limpar o ar, liberando certos produtos químicos, embora alguns cientistas questionem a eficácia do método.

Os ecologistas indonésios pediram uma campanha contra as queimadas como sistema de limpeza da terra.

“Esperamos que o governo faça cumprir a lei contra as pessoas negligentes que permitiram a queimada de suas terras”, declarou Rudi Syaf, diretor do grupo Verde da Comunidade de Conservação da Indonésia.

Jacarta mobilizou milhares de agentes adicionais desde agosto para impedir a repetição dos incêndios de 2015, os mais graves em duas décadas, que asfixiaram a região durante semanas e provocaram uma disputa diplomática.

Um estudo americano indica que os incêndios de 2015 podem ter provocado mais de 100.000 mortes prematuras por doenças respiratórias e de outros tipos. O presidente indonésio Joko Widodo advertiu no mês passado que funcionários do governo seriam demitidos se não conseguissem acabar com os incêndios florestais.

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