Quase 18 milhões de australianos, o equivalente a 75% da população do país, foram afetados pela crise dos incêndios florestais, afirma um estudo publicado nesta terça-feira (18), que destaca a perda de confiança no governo.

A pesquisa, realizada pela Universidade Nacional da Austrália, mostra as consequências para a população dos incêndios que, durante cinco meses, deixaram mais de 30 mortos e destruíram milhares de casas.

“Quase todos os australianos foram afetados pelos incêndios e muitos sofrerão as consequências durante os próximos anos”, explicou Nicholas Biddle, professor de Ciências Sociais.

O estudo, com uma mostra de 3.000 pessoas, aponta que 14% da população adulta – quase três milhões de habitantes – foi diretamente afetada pela crise. Estas pessoas foram obrigadas a abandonar suas residências ou viram suas casas destruídas ou danificadas.

Quase 15 milhões de australianos se viram afetados indiretamente pelos incêndios, pela fumaça tóxica ou mudanças de planos que foram obrigados a fazer para as férias.

O alcance, que surpreendeu os coordenadores da pesquisa, é motivo de preocupação para o governo, acusado de não ter apresentado as respostas corretas à crise e de não demonstrar preocupação suficiente com a mudança climática.

Os cientistas apontam que o aquecimento global agravou a crise dos incêndios, especialmente virulenta este ano pelo clima seco e quente.

O primeiro-ministro conservador Scott Morrison foi criticado por ter viajado de férias ao Havaí durante a crise e por rejeita uma redução mais intensa das emissões de gases do efeito estufa.

“Apenas 27% dos entrevistados afirmaram ter confiança ou muita confiança no governo”, disse Biddle, uma queda de 11% em três meses.

Entre os que votaram nos conservadores nas eleições legislativas de maio, o apoio à construção de minas de carvão caiu de 72% antes da crise para 57% em janeiro.

O governo é um firme defensor da muito influente e lucrativa indústria de mineração australiana.