Chamas de até 50 metros e áreas naturais protegidas afetadas: a turística ilha espanhola de Gran Canária sofre em menos de dez dias seu terceiro incêndio florestal, que se encontrava fora de controle nesta segunda-feira (19).

De acordo com os serviços de emergência, este incêndio, declarado no sábado (17), já arrasou seis mil hectares e obrigou a evacuação de milhares de pessoas.

Em alguns setores, o incêndio “está fora da capacidade de extinção”, afirmou Federico Grillo, chefe dos serviços de emergência na ilha das Ilhas Canárias, localizadas no Atlântico, na costa noroeste da África.

As chamas atingiram 50 metros de altura em alguns lugares, dificultando a ação de cerca de 700 bombeiros e outros efetivos mobilizados, assim como quase 15 aparelhos aéreos que lutam contra o incêndio.

“É uma situação ruim, muito ruim”, reconheceu Grillo, em uma época em que altas temperaturas, ventos e as chuvas de cinzas podem causar novos focos.

Seu principal foco está no parque natural de Tamadaba, uma reserva de pinheiros nativos que fica entre os territórios mais selvagens de Gran Canária.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

“É o principal pulmão verde da ilha, […] é como a jóia ambiental de Gran Canaria”, disse à AFP Lourdes Hernández, especialista em incêndios florestais da agência de defesa ambiental WWF.

As autoridades foram forçadas a realizar mais evacuações no centro da ilha, que possui inúmeras áreas protegidas.

Cem pessoas tiveram de ser levadas para um centro cultural em Artenara, uma “decisão técnica temporária”, de acordo com os serviços de emergência, dado o perigo de usar os acessos a povoados e as rotas de evacuação.

No total, a população das áreas evacuadas é de 8.000 habitantes. Até agora, nenhuma vítima foi registrada.

– Espaços protegidos –

Rico em paisagens e microclimas muito diversificados, o interior da Gran Canaria é popular entre os excursionistas, enquanto a maioria dos turistas frequenta as praias da ilha, a segunda mais visitada no arquipélago.

Com um clima ameno e paisagens vulcânicas espetaculares, as Ilhas Canárias receberam 13,7 milhões de visitantes estrangeiros em 2018, metade deles britânicos, ou alemães.

O turismo representou 35% de seu PIB em 2017 e 40% dos empregos do arquipélago, segundo a organização Exceltur.

Em nota, o governo regional das Canárias informou, por um lado, que o turismo não foi afetado pelo incêndio, já que “nenhum complexo turístico sentiu seus efeitos”. Por outro, várias áreas protegidas foram atingidas, ou estão ameaçadas pelas chamas.

O fogo já se estendeu por uma área classificada como reserva da biosfera pela Unesco e chegou ao parque natural de Tamadaba, uma reserva de pinheiros nativos que está entre os territórios mais selvagens da Gran Canária.

O território afetado também inclui montanhas e grutas de Risco Caído, uma área que reúne vestígios de uma cultura aborígene do século XV e que, em julho, foi inscrita na lista do patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).


O incêndio ameaça avançar para a reserva de Inágua, a área mais rica em biodiversidade, segundo Federico Grillo.

Dois outros incêndios afetaram a ilha na semana passada, sem deixar feridos.

Os bombeiros não haviam extinguido completamente o mais importante dos dois, que afetou 1.500 hectares quando o novo incêndio foi declarado.

Segundo destino turístico do mundo, a Espanha sofre inúmeros incêndios florestais a cada verão, devido a seu clima árido.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias